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Índia perde mercados para açúcar do Brasil

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Chuvas abaixo da média e canaviais envelhecidos pressionaram o desempenho do segundo maior produtor global de açúcar, a Índia. As exportações brasileiras da commodity já dispararam e devem seguir em alta em função da escassez de oferta no mundo.

O complexo sucroalcooleiro foi o setor com maior expansão nas vendas externas entre os exportadores do agronegócio em janeiro. O valor dos embarques dos subprodutos de cana teve alta de 110% em relação ao mesmo mês de 2016, passando de US$ 489,34 milhões para US$ 1,03 bilhão, segundo o Ministério da Agricultura. O açúcar respondeu por 92,9%. Foram US$ 955,40 milhões faturados, elevação de 120,7% no intervalo avaliado.

"Vimos um aumento grande nas importações de players do sudeste asiático, que antes eram abastecidos por países que tiveram quebra de safra, como Índia e Tailândia", explica o analista da INTL FCStone, João Paulo Botelho. Bangladesh, Malásia, Indonésia e Emirados Árabes estão entre os mercados perdidos pelos indianos. A China, que figurava como o maior comprador do Brasil, recuou por uma estratégia do governo chinês que favorece a produção doméstica.

A consultoria revisou a projeção de saldo negativo na oferta global açucareira em 13,5%, para 8,5 milhões de toneladas, impulsionada pelos efeitos da Índia. A última prévia foi divulgada em novembro de 2016.

Mesmo considerada a situação positiva dos canaviais no maior estado produtor do país, Uttar Pradesh, a estimativa de produção total é de 20 milhões de toneladas, 20,3% abaixo da safra passada. Esta queda seria puxada por Maharashtra e Karnataka (segundo e terceiro fabricantes principais), que sofreram mais com as monções fracas – condições climáticas sazonais dos ventos, que acontecem entre o sul e sudeste da Ásia. Para os dois últimos estados, espera-se quebra de 46%.

"O açúcar brasileiro tomou alguns mercados da Índia, mas parte das vendas foi do produto bruto, que passaria pelas refinarias do concorrente e cumpriria os contratos de exportação daquele país", pondera o especialista. Porém, a partir do início da próxima safra nacional, em abril, pode haver um fortalecimento da demanda indiana ao Brasil.

Reflexo no campo

O presidente do Grupo Maubisa de usinas, Maurílio Biagi Filho, disse ao DCI que o açúcar está remunerando muito mais do que o etanol, fator que automaticamente mexe com o mix de produção da próxima safra canavieira.

"Quando isso acontece, há uma tendência de processar todo o açúcar possível, dentro das limitações das unidades produtivas", afirma Biagi. Segundo o executivo, a maioria dos usineiros fixou margens razoavelmente atrativas nos contratos e, em consequência, as projeções são positivas.

Como boa parte dos contratos já foi realizada, o mercado spot (à vista) ficou desaquecido e está com os preços mornos. "O spot enfraquecido é porque tivemos uma porção considerável de açúcar contratado", avalia a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Heloisa Lee Burnquist. A especialista lembra que na safra houve uma pressão altista nos preços e agora nós temos um mercado doméstico dentro da normalidade, que não necessita de demanda excedente da indústria para absorver e movimentar o spot.

Levantamento da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), divulgado na semana passada, mostra que no acumulado de 1º de abril de 2016 a 16 de fevereiro de 2017, o total processado atingiu 594,73 milhões de toneladas. Com esse resultado, o processamento total da commodity alcançou 35,27 milhões de toneladas.

Etanol

As vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul somaram 934,40 milhões de litros na 1ª quinzena de fevereiro, sendo 22,53 milhões de litros destinados à exportação e 911,87 milhões de litros ao mercado doméstico. No mercado interno, tanto o volume comercializado do biocombustível anidro como o de hidratado apresentaram contração ante a 2ª quinzena de janeiro. O anidro registrou 455,22 milhões de litros, com redução de 2,88%, e o hidratado somou 456,65 milhões de litros, queda de 0,98%.

Biagi comenta que o etanol está menos competitivo, mas tem produção e consumo equilibrados País.

 

Fonte: DCI – Comércio, Indústria e Serviços

 

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