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Demanda internacional por açúcar reduz ociosidade em indústrias de Sertãozinho

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 Indústrias de base da região de Ribeirão Preto (SP) que atendem o setor sucroenergético confirmam uma queda na ociosidade de sua produção em relação ao ano passado em razão da maior procura por serviços de manutenção nas usinas, graças ao aumento da demanda do açúcar no mercado internacional.

O uso da capacidade de trabalho dessas fábricas, segundo o presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise Br), Aparecido Luiz, subiu de 40% para 60% em um ano.

"Isso representa uma melhora no setor, mas está bem aquém do que precisamos, porque nosso potencial para atender essas usinas é muito grande. Estamos aí praticamente com 40% de ociosidade do nosso potencial de trabalho, mas podemos dizer com certeza que está bem melhor do que nos anos anteriores", diz.

Safra evidencia açúcar

A dez dias de ser encerrada oficialmente, a safra 2016/2017 da cana-de-açúcar acumulou até o início de março com uma moagem de 595,8 milhões de toneladas na região Centro-Sul do país, 0,42% a menos do que na comparação com a safra 2015/2016, com 598,3 milhões de toneladas, segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), que deve projetar as expectativas do período 2017/2018 em abril.

Enquanto o etanol enfrenta redução na procura no mercado interno, por outro lado, uma maior demanda pelo açúcar brasileiro no exterior, em face de problemas climáticos em países produtores como a Índia, eleva a cotação da commodity no mercado internacional e a necessidade de ampliação de capacidade de processamento das usinas.

Até o início de março, as usinas produziram 35,2 milhões de toneladas de açúcar, 15,27% a mais do que na safra anterior, com 30,8 milhões. Desde 2015, a rentabilidade do açúcar no exterior tem sido determinante para a balança comercial da região administrativa de Ribeirão Preto, segundo o Centro de Pesquisa em Economia Regional (Ceper/Fundace). Em função disso, de acordo com o estudo, houve uma alta de 64% dos contratos do setor do agronegócio paulista fora do Brasil entre janeiro de 2016 e janeiro deste ano.

Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a indústria de Sertãozinho (SP) – principal polo de base de equipamentos para o setor sucroenergético da região, com 70% do setor ligado à cadeia de produção de etanol e açúcar – registrou uma elevação de 87% nas contratações de fevereiro na comparação com o ano passado. Foram 350 contra 187 novos postos com carteira assinada nesse período.

Sintoma ligado à maior necessidade de reformas de equipamentos como caldeiras e moendas, além de trabalhos associados como logística, acabamento, serviços gerais e fundição nas 60 fábricas que compõem o segmento no município. "A gente vê inclusive a olho nu no distrito industrial a movimentação de cargas e descargas, de moendas, de turbinas, já mudou muito. Na própria caldeiraria dá pra perceber uma mudança", afirma o presidente do Ceise Br.

Com o início da safra das usinas em abril, a procura pelos serviços tende a se estabilizar, mas reformas trabalhistas e tributárias elevam as expectativas, sobretudo para o segundo semestre, diz o representante das indústrias.

"Esperamos que essa estabilidade não seja para baixo, mas sim para cima, principalmente depois do segundo semestre. Se continuar a demanda forte pelo açúcar, as usinas não têm como não investir, vão começar a trabalhar, a contratar para ampliação da próxima safra. Tudo leva a crer que isso vai acontecer", diz.

Movimentação nas usinas 

O diretor técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues, confirma que, diante das mudanças no mercado internacional do açúcar, parte das usinas fez investimentos na entressafra para ampliar sua capacidade de produção. Na atual safra, o subproduto da cana corresponde a 46,5% do gerado pelas usinas, enquanto o etanol representou 53,5%.

"Foi uma safra que, devido aos preços do açúcar, dos preços do etanol que também foram relativamente bons, trouxe resultados, e evidentemente as empresas voltaram a plantar cana, a arrumar máquinas, a investir na produtividade agrícola", afirma.

A expectativa da Única é de que, em função de excesso de chuvas na primeira quinzena de março, o ano-safra 2016/2017 feche com uma moagem de 605 milhões de toneladas de cana, 2,05% a menos do que no período anterior. Até fevereiro, das 282 usinas, 12 ainda estavam no período de moagem.

A expectativa para a safra 2017/2018, válida a partir de 1º de abril, é de que o número de usinas operando no Centro-Sul se mantenha, assim como as margens de preços praticadas pelas usinas para açúcar e etanol.

O tamanho do volume de produção, segundo ele, vai depender de uma combinação de fatores desfavoráveis, como o envelhecimento de canaviais e redução de áreas de colheita, e favoráveis, como a melhora de produtividade de algumas áreas onde a cana completa seu ciclo de desenvolvimento.

"O preço continua remunerador. A não ser que haja mudança do câmbio, não há grandes alterações. Muitas empresas já fixaram seus preços na bolsa."

Etanol em baixa

No balanço parcial, a produção de etanol registrada pelas usinas até o início do mês foi de 25,1 milhões de litros, 8,23% menos do que na comparação com o ano-safra anterior.

O diretor técnico da Unica reconhece que, apesar do preço inferior nas usinas, o valor do combustível nas bombas e as importações do combustível derivado da cana contribuíram para a queda.

"A demanda desapareceu, não chegou ao consumidor. O preço líquido era a R$ 1,89, hoje está a R$ 1,65. O preço não caiu na bomba, o etanol depende muito de oferta e demanda."

G1

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