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Edição 187

Um greenfield em meio à crise

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A Usina Santa Clara, inaugurada em 2016, é agora a segunda unidade produtora de etanol, açúcar e energia do Grupo Sada

Redação

Apesar de ser líder no setor de logística veicular na América Latina, o Grupo Sada também tem presença marcante no ramo de fundição, produção de autopeças, comercialização, revenda de veículos, prestação de serviços de importação e exportação, reflorestamento e na produção de biocombustíveis e bioeletricidade, onde já atua há 40 anos.

Para se fortalecer ainda mais como produtora de biocombustíveis, o grupo, que até então tinha apenas uma produtora de etanol, açúcar e bioeletricidade, sediada em Jaíba, MG, inaugurou uma nova usina, agora no município de Montes Claros, GO. A nova unidade, chamada Santa Clara, foi inaugurada em meados de 2016 e inicia produzindo apenas etanol e eletricidade.

“A Usina Santa Clara foi concebida com o que há de mais moderno no setor. Possuímos difusor de bagaço de alta eficiência entre dois ternos de moendas, que atinge 99% de extração; uma destilaria a vácuo, que permite economia de vapor; uma caldeira que gera 330 t de vapor e uma capacidade instalada para moer 4.650.000 t cana e para produzir até 98 Mw de energia”, conta Ednard Barbosa de Almeida, diretor geral de Bioenergia da Usina Santa Clara.

Almeida explica que a falta de ansiedade, aliada a um projeto bem elaborado fez com que a Santa Clara pudesse ser construída mesmo diante de um mercado tão difícil para o setor sucroenergético. “Iniciamos a concepção em 2009 e as obras preparatórias como, por exemplo, a terraplanagem, iniciaram em 2010. O cronograma foi projetado em consonância com as dificuldades da região e do mercado. Trata-se de um projeto de grande envergadura. O investimento se deu ao longo de oito anos e a maioria dos recursos foram provenientes da holdingcontroladora e de linhas de créditos.”

Empreender é palavra que impulsiona Vittorio Medioli, presidente do Grupo Sada. No entanto, segundo Almeida, a filosofia do empresário, hoje prefeito da cidade de Betim, MG, não é empreender só sob uma perspectiva meramente capitalista. “Seu pressuposto básico é a sintonia com as necessidades das pessoas.”

A usina, que fica localizada na Região Centro-Oeste de Goiás, quase na divisa com o Mato Grosso, tem um sistema de alta performance que antecipa as tendências de baixo consumo energético e de água, com alto aproveitamento de cogeração. Além disso, todas as esteiras são de borracha e encapsuladas, o que permite menor consumo de energia e minimização de perdas. “Implantamos destilaria a vácuo, que reduz o consumo de vapor (menos água e energia elétrica) e no sistema adotamos ciclo regenerativo, com inversores de frequência, o que tem de melhor e mais avançado”.

A primeira safra da usina, iniciada em julho 2016, moeu 500 mil t de cana-de-açúcar, valor bem abaixo dos 4 milhões de t que é a capacidade da unidade que, segundo Almeida, poderá ser alcançada ao longo de quatro anos. “Logo no começo da operação da Usina Santa Clara vários produtores locais foram até a empresa para oferecer matéria-prima. Toda a cana-de-açúcar moída é própria. Mas para as próximas [safras] será diferente, inclusive, já fechamos algumas parcerias comerciais neste sentido”, revela.

Perguntado se a usina deverá expandir sua produção de cana própria para os próximos ciclos, o diretor geral explica que a expansão de canavial é permanente no Grupo Sada, “tanto na Usina Santa Clara quanto na Usina São Judas Tadeu, em MG. Em Goiás, esperamos atingir 1,7 milhão de t no canavial próprio”. Inicialmente, a usina produzirá somente etanol e bioeletricidade, isso porque a fábrica de açúcar está projetada, mas ainda não foi instalada. A ideia do Grupo é atingir 3,6 milhões de t de açúcar até 2021.

O setor de etanol, açúcar e cogeração de energia está entre os mais novos empreendimentos do Grupo Sada. Entre os futuros projetos, há ainda uma termoelétrica, com capacidade de geração de 63 MWh, em Várzea da Palma, no Norte de Minas. E, para 2017, a grande aposta é no Centro de Reciclagem de Veículos em Igarapé (CRV/Igar).

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PRODUÇÃO DE AÇÚCAR

Se por um lado o setor de automóveis, que representa 55% do faturamento total da empresa tem sofrido nos últimos anos, segmentos como os de bioenergia e agricultura têm despontado e sustentado o Produto Interno Bruto (PIB). Atento à oportunidade, o Grupo Sada começou a produzir açúcar em sua unidade matriz no ano passado. A previsão é de que até o final da safra o Grupo tenha produzido 40 mil t do produto.

A unidade de produção de açúcar já estava montada havia alguns anos na Usina São Judas Tadeu, mas não tinha sido ativada por conta do mercado. Atualmente a Sada produz açúcar voltado ao mercado interno, no entanto, segundo Ednard Almeida, a empresa tem recebido investidas de empresas estrangeiras. “Operadores do mercado externo estão nos procurando com muita frequência.”

Fundada pelo empresário naturalizado brasileiro Vittorio Medioli, há 40 anos, em Contagem, a Sada, que tem este nome devido a união das letras iniciais das palavras em italiano SpedizioneAulo trasportiDepositi Associati, hoje conta com mais de 850 mil veículos transportados por ano, 49 milhões de l de etanol produzidos, e 7.000 empregos gerados em 52 municípios no Brasil e em mais três cidades na Argentina. Para o fundador da empresa este sucesso está relacionado a qualidade, sustentabilidade e motivação. “A Sada é um grupo que se diversificou e conseguiu se dar bem em vários setores, com resultados que nunca imaginei”, afirma Vittorio Medioli.

Só as duas usinas sucroalcooleiras do grupo geram 1.300 empregos em duas áreas localizadas em regiões que estão entre os mais baixos IDHs (Índices de Desenvolvimento Humano) do país. “Os momentos de crise política e de recessão econômica sempre desempenharam um importante papel na trajetória do Grupo Sada. Historicamente, foram nesses momentos onde o grupo mais se reinventou. No passado, soubemos contornar adversidades, investindo de forma assertiva em projetos que nos permitiram nos consolidar como líderes de mercado”, conclui Almeida.

A primeira safra da usina, iniciada em julho 2016, moeu 500 mil t de cana-de-açúcar, valor bem abaixo dos 4 milhões de t, capacidade que deverá ser alcançada ao longo de quatro anos

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