A Jalles Machado encerrou o segundo trimestre da safra 2025/26 combinando expansão de receita e crescimento do EBITDA Ajustado, mesmo diante de um ambiente agrícola desafiador e de um cenário de quebra de safra no Centro-Sul. A companhia registrou no 6M26 um EBITDA Ajustado de R$ 677,5 milhões, evolução de 20% sobre o mesmo período do ciclo anterior, e ampliou a receita bruta para R$ 1,284 bilhão no acumulado da safra, alta de 20,4%. Esse desempenho financeiro positivo ocorreu em meio a menor disponibilidade de matéria-prima, custos pressionados e redução de produtividade, mas foi sustentado por estratégias comerciais, preços mais atrativos do etanol, aumento das vendas de açúcar VHP e orgânico e pelo avanço expressivo das receitas externas.
No trimestre, a Jalles moeu 3,269 milhões de toneladas de cana, queda de 3,1% em relação ao 2T25, reflexo da quebra de safra em Goiás e Minas Gerais. No acumulado da safra, a moagem somou 6,111 milhões de toneladas, retração de 6,8% na comparação anual. A produtividade agrícola caiu 17,1% no 2T26 (73,8 t/ha) e 14,5% no 6M26 (77,7 t/ha), influenciada principalmente pela má distribuição das chuvas na formação do canavial, altas temperaturas e pela matocompetição nas áreas orgânicas, que prejudicou o desempenho da Unidade Jalles Machado. O ATR médio permaneceu praticamente estável, em 150,8 kg/t no trimestre e 135,3 kg/t no acumulado, com recuos de apenas 0,6% e 1,1% em relação aos mesmos períodos da safra anterior. Já o ATR produzido totalizou 492,9 mil toneladas no trimestre e 827,1 mil toneladas no 6M26, quedas de 3,6% e 7,8%, respectivamente.
No campo industrial, o mix permaneceu equilibrado no trimestre, com 50,5% destinado ao etanol e 49,5% ao açúcar, enquanto no acumulado da safra o mix alcooleiro atingiu 51,2%. A produção de açúcar somou 232,9 mil toneladas no trimestre, recuo de 6,6% em relação ao 2T25, ainda assim com avanço relevante no VHP (+17,6%), impulsionado pela operação plena da Unidade Santa Vitória. No 6M26, a produção de açúcar totalizou 384,9 mil toneladas, virtualmente estável (+0,1%), sustentada pelo crescimento de 55,1% no VHP. O açúcar orgânico, entretanto, caiu 38% no trimestre e 25,9% no acumulado, afetado pela menor produtividade das áreas orgânicas. A produção de etanol ficou em 146,3 mil m³ no 2T26, leve queda de 0,7%, com destaque para o aumento de 21,8% no anidro. No acumulado, foram produzidos 249,2 mil m³, retração de 14,6%, refletindo o menor volume de cana e o direcionamento mais açucareiro do setor no período.
A comercialização apresentou forte avanço. O ATR vendido atingiu 296,3 mil toneladas no trimestre, aumento de 21,3% sobre o 2T25, e 522,4 mil toneladas no 6M26, alta de 18,6%. As vendas de etanol totalizaram 76,2 mil m³, crescimento de 37,7% no trimestre, sustentado principalmente pelo etanol hidratado e pelos preços mais elevados capturados no spot, o que estimulou a antecipação de vendas em vez da estratégia tradicional de estocagem. As vendas de açúcar somaram 158,8 mil toneladas no 2T26 (+11,0%), com aumento expressivo do VHP (+57,5%) e avanço do açúcar orgânico (+41,7%). No acumulado da safra, foram comercializadas 249,9 mil toneladas de açúcar (+13,9%), impulsionadas pelo VHP e pela alta de 65,9% no orgânico, devido à antecipação das exportações antes da vigência da tarifa de 50% para o produto nos Estados Unidos. A energia exportada no 2T26 foi de 71,9 GWh, levemente abaixo da marca do ano anterior.
Desempenho financeiro ganha força mesmo com cenário agrícola adverso
A receita operacional bruta somou R$ 710,3 milhões no trimestre (+18,1%), com destaque para o mercado externo, que totalizou R$ 251,8 milhões (+27,0%), impulsionado pelo açúcar orgânico (+41,7%) e pelo VHP (+48,2%). No mercado interno, a receita bruta foi de R$ 458,5 milhões (+13,8%), com desempenho robusto do etanol anidro (+45,1%) e do hidratado da unidade de Otávio Lage (+0,5%). No acumulado da safra, a receita externa avançou 56% e atingiu R$ 388,7 milhões, enquanto a receita interna somou R$ 896,1 milhões (+9,5%), sustentada pelos preços mais favoráveis do etanol. A receita bruta consolidada do 6M26 atingiu R$ 1,284 bilhão, aumento de 20,4% em relação ao 6M25.
O EBITDA Ajustado foi de R$ 408,0 milhões no 2T26, avanço de 27,2% frente ao ano anterior. Com a inclusão dos efeitos de hedge de açúcar e câmbio, o EBITDA Ajustado* do trimestre foi de R$ 145,7 milhões, alta de 15,2%. No acumulado da safra, o indicador somou R$ 677,5 milhões, crescimento de 20%, com margem de 59,1%. O resultado líquido atingiu R$ 18,9 milhões no trimestre e R$ 5,0 milhões no 6M26, influenciado por maiores custos, menor margem bruta e efeitos contábeis do ativo biológico.
A companhia encerrou o trimestre com R$ 1,487 bilhão em caixa, suficiente para cobrir amortizações até a safra 2029/30. A dívida líquida/EBITDA LTM permaneceu em 1,2 vez, refletindo uma estrutura de capital sólida. A empresa ainda reforçou sua posição financeira por meio da emissão de um CRA de R$ 400 milhões com rating AAA, destinado a financiar produção e comercialização de açúcar, etanol e energia.
No campo comercial e financeiro, a Jalles manteve sua política de hedge como diferencial competitivo, com 75% do açúcar da safra 2026/27 já fixado a R$ 2.475 por tonelada e 36% da safra 2027/28 fixados a R$ 2.530 por tonelada, níveis superiores às cotações atuais. Os estoques totais encerraram o 6M26 em 628,9 milhões de reais, retração de 26,5% na comparação anual, com quedas relevantes nos estoques de etanol (–43,3%) e de açúcar orgânico (–28,9%), refletindo a priorização das vendas durante a moagem.
A administração destacou que o trimestre foi marcado por forte ritmo de moagem, ausência de chuvas e intensificação do mix açucareiro no setor, ainda que ajustes recentes tenham priorizado o etanol diante das melhores paridades. Também ressaltou que a queda de produtividade nas áreas orgânicas é um efeito pontual, sem expectativa de recorrência, e que a ampliação da área irrigada e o avanço na multiplicação de variedades mais responsivas devem contribuir para a recuperação do TCH nas próximas safras. A companhia reiterou seu foco em eficiência operacional, disciplina financeira, gestão de riscos e expansão da circularidade, com destaque ao projeto de biogás da vinhaça, além do compromisso com práticas ambientais, sociais e de governança.


