Os futuros de açúcar negociados na ICE tiveram um movimento misto nesta terça-feira, 18. O contrato de açúcar bruto com vencimento em março de 2026 caiu 0,1 centavo de dólar, ou 0,7%, para 14,70 centavos de dólar por libra-peso. Em contrapartida, o contrato mais ativo de açúcar branco subiu 0,5%, para US$ 420,20 por tonelada.
As cotações tiveram influências negativas do relatório da Organização Internacional do Açúcar (ISO), publicado na segunda-feira, que projeta um superávit global de 1,625 milhão de toneladas em 2025/26, após um déficit de 2,916 milhões de toneladas em 2024/25. Segundo a ISO, o excedente será impulsionado pelo aumento da produção na Índia, Tailândia e Paquistão. Em agosto, a entidade estimava um déficit de 231 mil toneladas para 2025/26. A produção global deve crescer 3,2% na comparação anual, alcançando 181,8 milhões de toneladas.
Apesar do cenário baixista, os preços se recuperaram das mínimas ao longo da terça-feira. Em Londres, o avanço foi favorecido por movimentos de recompra após o Ministério da Alimentação da Índia afirmar que avalia elevar o preço do etanol usado na mistura com gasolina — medida que poderia incentivar usinas indianas a destinar mais cana para etanol, reduzindo a oferta de açúcar.
Na semana passada, os preços chegaram às máximas de três semanas diante da expectativa de menor disponibilidade do produto na Índia. O governo local confirmou que permitirá a exportação de 1,5 milhão de toneladas de açúcar em 2025/26, abaixo das estimativas anteriores de 2 milhões de toneladas. Desde 2022/23, o país opera sob um sistema de cotas devido à queda de produção provocada por chuvas tardias.
A perspectiva de oferta abundante, no entanto, pressionou fortemente as cotações nas últimas semanas. Na quinta-feira passada, o açúcar branco em Londres chegou ao menor nível em 4,75 anos, enquanto Nova York tocou o piso de cinco anos em 6 de novembro, influenciado pelo aumento da produção no Brasil e pelas sinalizações de superávit global. Em 5 de novembro, a trading Czarnikow revisou para cima sua projeção de superávit global em 2025/26, para 8,7 milhões de toneladas — 1,2 milhão acima do cálculo de setembro.
No Brasil, as expectativas de colheita recorde também ampliam a pressão baixista. A Conab elevou em 4 de novembro sua estimativa de produção nacional para 2025/26, de 44,5 milhões para 45 milhões de toneladas de açúcar. Segundo a Unica, a produção do Centro-Sul cresceu 16,4% na segunda quinzena de outubro, atingindo 2,068 milhões de toneladas, com 46,02% da cana sendo destinada ao açúcar — ligeiramente acima dos 45,91% observados no mesmo período do ano anterior. No acumulado da safra até outubro, a produção do Centro-Sul soma 38,085 milhões de toneladas, alta anual de 1,6%.


