Os contratos do açúcar encerraram a sexta-feira, 21, em alta nas bolsas de Nova York e Londres, sustentados por um movimento de cobertura de posições vendidas antes do fim de semana. O contrato de açúcar bruto com vencimento em março de 2026 subiu 0,12 centavo de dólar por libra-peso, ou 0,8%, para 14,78 centavos de dólar por libra-peso. Já o contrato do açúcar branco, também para março, encerrou em alta de US$ 4,10, ou 1%, indo a US$ 424,10 por tonelada.
Após registrarem máximas de três semanas e meia na quarta-feira, os preços passaram a oscilar próximos a esses níveis, consolidando parte dos ganhos recentes. Entre os fatores de suporte, destacou-se a sinalização do Ministério de Alimentos da Índia de que estuda elevar o preço do etanol usado na mistura com gasolina. A medida poderia estimular as usinas indianas a destinarem mais cana para etanol e menos para açúcar, reduzindo a oferta do adoçante.
A fraqueza do real brasileiro, porém, limitou o avanço das cotações. A moeda caiu ao menor nível em cinco semanas frente ao dólar, o que tende a incentivar vendas externas por parte dos produtores do Brasil.
Outra fonte de sustentação veio do anúncio, na semana passada, de que a Índia deve permitir a exportação de 1,5 milhão de toneladas de açúcar na safra 2025/26 — volume inferior às estimativas iniciais de 2 milhões de toneladas. O país adotou um sistema de cotas a partir da safra 2022/23, após chuvas tardias reduzirem a produção e apertarem o abastecimento interno.
Do lado baixista, o relatório divulgado pela Organização Internacional do Açúcar (ISO) na segunda-feira projetou superávit global de 1,625 milhão de toneladas em 2025/26, revertendo o déficit de 2,916 milhões estimado para 2024/25. A ISO atribuiu o saldo positivo ao aumento da produção em Índia, Tailândia e Paquistão. Em agosto, a entidade previa déficit de 231 mil toneladas para o mesmo ciclo. Para 2025/26, a projeção é de uma alta de 3,2% na produção global, alcançando 181,8 milhões de toneladas.
O cenário de ampla oferta global pressionou significativamente os preços ao longo do último mês. Na quinta-feira passada, o açúcar branco em Londres atingiu a mínima de 4 anos e 9 meses (SWZ25). No dia 6 de novembro, o açúcar bruto em Nova York recuou ao menor nível em 5 anos (SBH26), refletindo especialmente o aumento da produção brasileira e as expectativas de superávit.
A Czarnikow também revisou para cima sua estimativa de superávit global para 2025/26, passando para 8,7 milhões de toneladas — 1,2 milhão acima da projeção de setembro (7,5 milhões).
No Brasil, a perspectiva de safra recorde segue pressionando os preços. A Conab elevou no dia 4 de novembro sua projeção de produção de açúcar para 2025/26, de 44,5 para 45 milhões de toneladas. A Unica apontou que a produção do Centro-Sul na segunda quinzena de outubro subiu 16,4% frente ao mesmo período do ano anterior, totalizando 2,068 milhões de toneladas. A proporção de cana destinada ao açúcar alcançou 46,02%, levemente acima dos 45,91% do ano anterior.
No acumulado da safra até outubro, a produção do Centro-Sul atingiu 38,085 milhões de toneladas, alta de 1,6% em comparação ao ciclo anterior.


