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Açúcar: usinas fixaram mais de 20 milhões de t

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A safra de cana-de-açúcar 2022/23 do Centro-Sul está equacionada. As usinas fixaram um alto volume de açúcar, ultrapassando as 20 milhões de toneladas que devem se converter em exportação física do produto, pois existem contratos lastreando esses hedges.

Ainda de acordo com a consultoria Archer Consulting, a migração de açúcar para a produção de hidratado, ainda que em parcela pequena, não pode ser descartada, por meio de washout, condição prevista na maioria dos contratos internacionais de commodities. “Nela, o vendedor negocia a recompra do produto que não pode ou não quer entregar. O início da safra deve diminuir essa possibilidade. Mas, vale observar de perto”, explica Arnaldo Corrêa, diretor da consultoria.

O preço médio que as usinas obtiveram na fixação dos açúcares de exportação da safra 21/22 recém-encerrada, foi de R$ 1,640 por tonelada, que atualizado para valores de hoje alcança R$ 1,872 por tonelada.

Quando as fixações foram feitas, as usinas não podiam prognosticar que o custo de produção fosse escalar na proporção que se viu e parte da margem que estimavam receber foi consumida pelo aumento dos insumos. Essa constatação por parte das usinas ocasionou uma desaceleração nas fixações de vendas de açúcar para a safra seguinte (esta que está iniciando), que ainda assim começa com um percentual fixado bastante alto: cerca de 80%.

Inferior aos 86% da safra 21/22 em seu início. No entanto, se tomarmos a safra 16/17 até a safra 20/21, o percentual médio de açúcares fixados antes do início de cada uma foi de 52%. Não temos o percentual da safra seguinte, mas estimamos que no final de fevereiro/22, por exemplo, 14% da safra 23/24 que se inicia em abril do ano que vem já estava fixada.

De acordo com Corrêa, um dos motivos que provocou a aceleração por parte das usinas nas fixações de preço do açúcar no passado foi o fato de que o açúcar era até então o único produto que elas podiam fazer o hedge, que não sofria interferências do governo via preços administrados da gasolina causando o achatamento ou destruição da margem de lucro do hidratado. “Hoje, as usinas sabem que podem mudar o mix, assumem que a Petrobras tem menor chance de sofrer intervenções governamentais e, portanto, mais condições de administrarem sua produção direcionando para o produto que propicia mais retorno financeiro”, afirmou.

Quando estavam na corda bamba, sem alternativas de hedge para um percentual significativo de sua produção, algumas usinas acabaram usando produtos derivativos que ao invés de mitigarem o risco, fugiram de seu propósito inicial e acabaram potencializando-o. “São inúmeros os casos de usinas e empresas do setor que se deram mal com a utilização de opções exóticas na década passada. Acumuladores, opções que dobravam, opções que desapareciam, entre outras maravilhas da engenharia financeira. Algumas estão pagando a conta até hoje”, explica Corrêa.

O que pode acontecer na safra 2023/24?

As usinas dizem ser ainda é muito cedo para falar sobre a próxima safra. E esse é um ponto muito importante. Segundo Archer, as incertezas se avolumam dada a fragmentação que o processo decisório apresenta. “Foi-se o tempo em que a usina olhava o açúcar em NY e o câmbio. Tente listar hoje os ativos que compõem toda a estrutura de custo e/ou fazem parte da formação de preço do açúcar e etanol. Não é para amador. Quem tratar o mercado de forma amadorística vai ser engolido por quem faz a lição de casa. Aquela conversa de nós sempre fizemos assim pode servir como epitáfio, não como filosofia”, disse Corrêa, em análise semanal.

Com tantas incertezas e a preocupação acerca do custo de produção desta safra que se inicia com 80% do açúcar fixado a um preço médio de R$ 2,178 vis-à-vis um custo de produção da safra anterior de R$ 1,590 (base 31/janeiro), Corrêa diz ser natural que a safra 23/24 fique em espera até que os fragmentos formem uma figura mais nítida.

“Como temos dito em comentários anteriores, 23/24 vai ser uma outra bola em jogo. Vemos mais fatores à frente que podem elevar os preços em centavos de dólar por libra-peso do que o contrário. Grande parte das usinas com quem falamos está preocupada com a perda de área para outras culturas mais vantajosas”, afirma Corrêa.

Um dos grupos consultados pela Archer teve perda anual de área de 3% nos últimos cinco anos. Os dados da UNICA recém-publicados também apontaram para uma queda de 1,4% na área de cana. “Não é de se admirar que com a soja valendo 180 reais e a cana 130, os fornecedores migrem para a oleaginosa”, disse Corrêa.

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