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[ARTIGO] Transição energética: A corrida dos biocombustíveis

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Aprovação da Lei do Combustível do Futuro, neste ano, deve impulsionar a produção de biocombustível em 2025. De milho, soja, cana, macaúba, trigo…

O Brasil vive uma revolução que une o agronegócio e a indústria. Em dez anos, a produção de biocombustíveis cresceu quase 40%, chegando ao patamar histórico de 43 bilhões de litros entre etanol e biodiesel. E estamos somente no começo. Com a aprovação da Lei do Combustível do Futuro, que aumentou o percentual de mistura do etanol na gasolina, a expectativa é que o setor salte dos 36 bilhões de litros de etanol para 59 bilhões até 2037. No próximo ano, a oferta de etanol de milho deverá saltar dos 8 bilhões de litros na safra 2024/25 para 10 bilhões de litros na safra 2025/26, segundo a Datagro Consultoria. Para o biodiesel, que utiliza a soja como principal componente da mistura, a Datagro estima um crescimento de 10% na demanda em 2025, impulsionado pela elevação da mistura obrigatória de biodiesel no diesel, que passará de 14% para 15% no ano que vem — o aumento resultará em um consumo estimado de 10, 3 bilhões de litros no próximo ano, ante os 9, 3 bilhões atuais. Em relação à cana-de-açúcar, a previsão é de estabilidade, com a produção mantendo-se em 23, 5 bilhões de litros tanto em 2024/25 quanto em 2025/26.

A nova lei estabelece que o percentual de etanol na gasolina seja fixado em 27%, com possibilidade de ajustes entre 22% e 35% pelo Poder Executivo, de acordo com as condições do mercado. Atualmente, a mistura pode chegar a 27, 5%, com um mínimo de 18%. No caso do biodiesel, a mistura de 14%, vigente desde março deste ano, será aumentada gradualmente a partir de 2025, com acréscimos de 1 ponto percentual ao ano, até atingir 20% em 2030. Além disso, a legislação traz incentivos para o diesel verde e o combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês).

Além dessas commodities tradicionais, há expectativas em relação a outras matérias-primas. No Rio Grande do Sul, está prevista para o final de 2025 a inauguração de uma usina de etanol de trigo capaz de produzir 209 milhões de litros por ano. Na Bahia, a Acelen investirá 3 bilhões de dólares em uma biorrefinaria para produzir óleo de macaúba, uma planta nativa do Cerrado. A empresa planeja expandir o projeto, com a criação de até cinco polos para o desenvolvimento da cultura em todo o Brasil, incluindo a construção de outras biorrefinarias.

Para Daniel Furlan Amaral, diretor de Economia e Assuntos Regulatórios da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o agronegócio brasileiro está preparado para um boom no setor de biocombustíveis, abrangendo da produção às máquinas agrícolas. “Além do aumento no esmagamento de soja e na industrialização do milho para produzir DDG, etanol e óleo, bem como o uso da canade-açúcar, estamos observando o desenvolvimento de outras culturas, como canola, girassol, carinata, macaúba e palma”, afirma Amaral. Os segmentos automotivos e o de equipamentos, aponta o especialista, estão atentos às oportunidades oferecidas pelos biocombustíveis, trabalhando para integrar essas soluções sustentáveis em suas operações e produtos.

O próximo ano será crucial para a indústria de biocombustíveis. E isso não é pouco. A Agência Internacional de Energia (AIE) afirma que a oferta desses combustíveis sustentáveis crescerá em 38 bilhões de litros até 2028, e 40% disso virá do Brasil. É muito bem-vinda a corrida entre todos os biocombustíveis.

Com informações da Exame / César H.S. Rezende
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