O empresário brasileiro Eike Batista afirmou que investidores árabes anunciarão em breve um investimento de US$ 500 milhões em seu novo projeto que utiliza uma variedade de cana-de-açúcar desenvolvida para aumentar a produção de combustíveis sustentáveis.
O projeto, que já havia garantido US$ 500 milhões do banco de desenvolvimento privado Brazilinvest, sediado em São Paulo, pretende fechar outro aporte do mesmo valor ainda esta semana com um investidor estratégico dos Emirados Árabes Unidos, disse Batista à Reuters.
O empresário, que já foi o homem mais rico do Brasil, explicou que o investimento será destinado a um novo módulo de 70 mil hectares de área plantada. “A ‘supercana’ é a nossa revolução”, declarou em uma entrevista em vídeo na sexta-feira (28).
Ele acrescentou que o projeto foi concebido para produzir mais de 1 bilhão de litros de etanol e cerca de 979 mil toneladas de embalagens biodegradáveis a partir da biomassa processada da cana. A planta, a ser construída no Rio de Janeiro, usará o etanol para fabricar mais de meio bilhão de litros de combustível de aviação sustentável (SAF). Batista afirmou ainda que planeja expandir o projeto para 20 módulos de 70 mil hectares cada em diferentes regiões do país.
Ceticismo da indústria e desafios legais e financeiros
A aposta de Batista na “supercana” enfrenta dúvidas de setores consolidados do etanol no Brasil. Críticos, como Rubens Ometto, fundador da gigante Cosan, questionam a eficácia da tecnologia, citando experiências anteriores que não cumpriram promessas. Batista rebateu, afirmando que seu projeto se beneficia de avanços tecnológicos mais recentes.
O histórico conturbado de Batista, incluindo condenações por uso de informação privilegiada e manipulação de mercado relacionadas à falida OGX, ainda ronda seu novo empreendimento. Atualmente impedido de ser proprietário de empresas, ele está estruturando direitos para futuras subscrições do projeto.
Batista negou irregularidades no passado, atribuindo seus problemas a más parcerias. “Uma das coisas mais difíceis no Brasil é juntar equipes”, disse, destacando que hoje sistemas digitais permitem maior controle.
Criptomoeda e financiamento alternativo
Além do projeto de biocombustíveis, Batista e sua equipe desenvolvem uma criptomoeda chamada $EIKE, atualmente em fase piloto e buscando investidores fora do Brasil. A iniciativa chamou a atenção da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que está analisando o token. Batista afirmou que a legislação global sobre criptoativos ainda é incerta, mas acredita que o blockchain pode eliminar intermediários financeiros.
O empresário descartou, por enquanto, abrir capital do novo empreendimento, optando por investidores diretos. “Não estamos buscando o mercado público”, concluiu.
Com informações da Reuters