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Jalles atinge recorde de moagem na safra, mas resultados financeiros apresentam queda

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Mesmo registrando recorde no processamento de cana no 3º trimestre da safra 2023/24, com alta de 91,3% atingindo 1.009,8 milhões de t, o Grupo Jalles, com três unidades localizadas no Centro-Sul do país, apurou um lucro líquido de R$ 75,8 milhões, 83,2% menor quando comparado aos R$ 450,8 milhões observados no 3T23. Os dados são do último relatório de resultados da companhia, divulgados na quarta-feira, 14.

O Lucro Caixa fechou em R$ 14,6 milhões no 3T24 contra R$ 31,0 milhões no 3T23, o que registra queda de 52,9%. Essas diminuições devem-se, segundo a Jalles, a uma menor comercialização no 3T24 em relação ao mesmo período da safra anterior, estoques mais elevados, ao preço menor do etanol e a amortização de tratos referentes a safra passada.

No período 9M24 em relação do 9M23P, houve uma queda de 107,3%, saindo de um Lucro Caixa positivo de R$ 354,4 milhões, para R$ 25,7 milhões negativo. Porém, segundo a companhia, foi observado Lucro Líquido de R$ 77,7 milhões no acumulado da safra 2023/24, evidenciando o período de preços menores e de um volume de comercialização mais baixo, apesar de haver uma recuperação no 9M24 em relação ao 6M24.

“Esse indicador reforça a base comparativa forte no mesmo período da safra passada, a qual houve uma comercialização maior e com preços de etanol historicamente superiores. Para a safra 2023/24 a maior comercialização já ocorre durante o período de entressafra de novembro de 2023 a março de 2024”, explica a companhia.

O EBITDA Ajustado da companhia no 3T24 teve um crescimento de 6,1%, o que segundo a Jalles, demonstra o efeito da maior comercialização no trimestre aliada aos efeitos positivos de MTM das operações de hedge de açúcar observados no período.

O EBIT Ajustado somou R$ 68,8 milhões no 3T24, 34,4% a menos do que os R$ 104,9 milhões no 3T23, com margem de 13,9% e 20,6% respectivamente, uma queda de 6,7 p.p. No 9M24 o EBIT Ajustado teve diminuição de 47,3% em relação ao mesmo período da safra anterior.

A companhia registrou uma receita bruta 0,4% menor no 3T24, de R$ 574,5 milhões, ante os R$ 576,9 milhões registrados no 3T23. “Com os níveis de preço do etanol em patamares inferiores aos praticados na safra anterior, a esperada redução da receita foi compensada praticamente de forma integral pelo incremento de receita com o açúcar VHP no mercado externo e açúcar branco e CBIO no mercado interno”, disse a companhia em relatório.

De acordo com a Jalles, é esperada uma recuperação de preços ao final da safra 2023/24, dados os valores atuais de mercado que estão sendo reajustados. “No acumulado na safra, quando se compara com o mesmo período da safra anterior, nota-se que gradativamente há uma recuperação na receita com açúcar orgânico para exportação (início de safra com menos embarques devido a renegociação de preços e um final de ano caracterizado pelo fato dos clientes desacelerarem o embarque do açúcar contratado). Frisa-se que o açúcar orgânico possui uma dinâmica diferente de comercialização e precificação, onde sua comercialização é mais distribuída ao longo dos meses e seu preço é de acordo com a demanda e oferta para a safra global”, disse a companhia.

A receita líquida do 3T24 foi de R$ 495,9 milhões, 2,6% menor em relação aos R$ 509,3 milhões do 3T23. Essa redução, segundo a Jalles, decorre da menor comercialização e contração do preço, especialmente do etanol anidro e hidratado, sendo parcialmente compensada pelo aumento da comercialização de açúcar no mesmo período.

No comparativo do acumulado houve diminuição de 2,2%, onde a receita líquida sai de R$ 1.438,0 milhões nos 9M23 para R$ 1.406,9 milhões. Já com o comparativo Proforma 9M23P, o desempenho foi 21,3 % menor devido a receita líquida de R$ 1.788,2 milhões no 9M23P.

Moagem bateu recorde

O grupo Jalles registrou um aumento de processamento de cana-de-açúcar de 8,4% no acumulado da safra 2023/24 em comparação com a temporada anterior, com 7,350 milhões de toneladas de cana, incluindo a Unidade Santa Vitória, que processou  6.783,1 mil toneladas. Mesmo com uma área colhida menor em 2023/24 a Jalles conseguiu seu recorde de processamento, dada a produtividade maior por área, com destaque para as Unidades Jalles Machado e Santa Vitória.

O crescimento do volume de cana por unidade foi 5,9%, 4,4% e 12,8%, respectivamente nas unidades Unidade Jalles Machado (UJM), Unidade Otávio Lage (UOL) e Unidade Santa Vitória (USV).

A produtividade média (TCH) da safra 2023/24 foi de 84,2 toneladas ante 77,8 toneladas por hectare no ciclo anterior. Segundo a companhia em relatório, o destaque foi o ganho de produtividade medido pelo TCH na USV, que saltou de 60,2 toneladas por hectare no ciclo anterior para 69,8 toneladas por hectare na safra 2023/24. O ATR Total produzido foi de 1.048,1 mil toneladas, contra 986,2 mil toneladas na safra 2022/23.

“Tal performance é resultado, principalmente, das condições climáticas favoráveis e do aperfeiçoamento no manejo desta Unidade, a qual teve suas sinergias intensificadas durante esta safra, neste caso, os tratos culturais com incorporação de matéria orgânica no solo para melhoria das suas propriedades físicas, que vão contribuir para safras mais produtivas no futuro”, afirmou a companhia em relatório.

Além disso, de acordo com a companhia, houve processamento de cana de terceiros no 2T24 e 3T24 dada uma oportunidade mercadológica de um parceiro próximo à USV. “Aumentamos a moagem, produzindo mais e diluindo custos fixos. Foi uma estratégia pontual e foi utilizada apenas neste momento específico que a Unidade ainda não possui um canavial completamente formado para atender toda sua capacidade produtiva”, disse a companhia em relatório.

Produção de açúcar e etanol recorde 

O mix de produção alcançou 37,5% de açúcar e 62,5% de etanol na safra 2023/24 comparado com 32,5% e 67,5% na safra anterior proforma, respectivamente. Segundo a companhia, a comparação mostra avanço na produção de etanol devido a consolidação da USV que, atualmente, produz exclusivamente etanol hidratado.

Contudo, nas Unidades Jalles Machado e Otávio Lage houve incremento na produção de açúcar, a qual foi 22,5% maior no comparativo entre as safras. Quando comparado com os números das Unidades Jalles Machado e Otávio Lage, o mix de produção foi de 67,5% e 55,9% na safra 2022/23, respectivamente.

O aumento na produção de açúcar, segundo a Jalles, fez parte da estratégia da companhia de capturar os altos preços da commodity no ano de 2023. “Ressalta-se o aumento de mix de produção de açúcar em 1,3% na comparação com o estimado no início da safra 2023/24, resultado de melhorias no processo de produção de açúcar da UOL, realizadas durante este período. Nesse sentido, a companhia anunciou investimento de R$ 10,0 milhões na UOL para ampliar a produção de açúcar, além do investimento anunciado de R$ 170,0 milhões para construção da fábrica da unidade USV. Combinada com a expansão de canavial nestas duas unidades que, além de mix mais flexível, terão produções maiores de açúcar para a safra 2024/25”, disse a Jalles.

Com isso, a Jalles registrou recorde na produção total de açúcar e etanol. A produção de açúcar alcançou 374,5 mil toneladas na safra 2023/24 ante 305,3 mil toneladas na safra imediatamente anterior. Já a produção de etanol saiu de 393,1 mil m3 na safra 2022/23 para 386,9 mil m3, que apesar de redução de 1,6% no comparativo ano a ano para a Jalles, foi uma safra recorde para a USV, com 16,8% de crescimento anual.

Seguindo a tendência dos últimos trimestres, a produção de saneantes (álcool gel, álcool 70° e outros) foi 15,7% menor entre o 3T24 e 3T23 com produção de 242,2 mil caixas no 3T24 ante 293,2 mil caixas no 3T23. Tal desempenho é explicado pela volta à normalidade do patamar de comercialização do mercado.

Foram comercializadas 244,8 mil toneladas de ATR (açúcar e etanol) no 3T24, volume 38,8% superior ao total comercializado no 3T23, de 176,4 mil toneladas. Para chegar a este crescimento no trimestre, destaca-se a maior comercialização de açúcar no comparativo, especialmente ao volume de açúcar cristal, o qual chegou a 83,6 mil t. Já no comparativo acumulado ainda se observa o reflexo da menor comercialização no início desta Safra, na qual haverá maior comercialização no 3T24 e 4T24, dado maior estoque.

Para o etanol a companhia destacou que, como estratégia comercial, optou por aumentar a comercialização de etanol hidratado no comparativo com o 2T24 para mitigar riscos, evitando que grande parte do seu estoque tivesse que ser exclusivamente comercializado apenas no 4T24, minimizando a possibilidade de um estoque de passagem maior do que a média história.

“Porém, vale ressaltar que a estratégia de maior comercialização durante o período de entressafra não foi 100% eficaz, dado o cenário que se constituiu no decorrer dos nove meses acumulados”, disse a companhia.

No comparativo entre 2T24 e 3T24 houve incremento de 17,0% do volume comercializado de etanol hidratado pela Jalles. Já comparando com o mesmo período da safra anterior, ainda se nota um volume comercializado 26,5% menor, dada a base comparativa ser mais forte, o mercado estar com preços mais baixos do que na safra 2022/23, a baixa demanda e a decisão de comercializar menos, formando maiores estoques.

“Quando compara-se o acumulado das safras, ainda há uma comercialização menor de ATR em 2023/24 devido à menor demanda por etanol no início da safra e pela decisão da Jalles de recuperar parte da paridade até o final da Safra atual”, disse.

Venda de Cbios foi 128% maior em 2023/24

A venda de CBIOs foi 135,3% maior durante o acumulado da safra 2023/24. Esse avanço é explicado, segundo a Jalles, pela maior comercialização no 3T24, a qual chegou a 253,8 mil CBIOs. “A estratégia deve-se à oportunidade verificada de realizar maior receita em um momento que houve maior consumo no mercado por combustíveis fósseis, o que aumentou a demanda por CBIO pelas distribuidoras com a finalidade de neutralizarem suas emissões, e por consequência, o preço por CBIO. Vale ressaltar que a Jalles possui a melhor nota de eficiência energética para a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, ou seja, há uma receita maior de CBIO por litro de etanol vendido”, afirmou em relatório.

A receita com os CBIOs nesta safra cresceu 128,6% no comparativo com 2022/23. Isso ocorreu, segundo a Jalles, devido à estratégia de maior comercialização no 3T24 aliada à maior demanda por CBIO no mercado com um ciclo otto com a gasolina estando mais presente do que a média histórica para o período de safra.

Natália Cherubin para RPAnews
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