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PIB do agro deve crescer até 5% em 2025, diz Confederação da Agricultura e Pecuária

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Agricultura deve ter recuperação e pecuária enfrentará desafios, projeta CNA

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio deve crescer até 5% em 2025, impulsionado pelo aumento da produção primária agrícola, com destaque para os grãos, e pelo crescimento da indústria de insumos e da agroindústria exportadora, afirmou a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (11/12).

No entanto, os cenários internos e externos, como a política fiscal, o câmbio, a inflação e a taxa Selic ainda apresentarão desafios aos produtores rurais brasileiros, na avaliação da Confederação.

A entidade destaca a valorização do dólar como uma das principais preocupações para o próximo ano. Embora a moeda forte favoreça as negociações antecipadas de commodities agrícolas, ela também pressiona os custos de insumos, como fertilizantes e pacotes tecnológicos que são, em boa parte, importados.

No mercado externo, os desafios se dão mesmo após o anúncio da conclusão das negociações do acordo Mercosul-União Europeia. As tensões entre as principais economias globais, em especial as sanções da União Europeia aos produtos agropecuários do Brasil, com destaque para a Lei Antidesmatamento (EUDR, na sigla em inglês), devem dificultar a expansão das exportações brasileiras, na avaliação da CNA. Este cenário poderá gerar impactos negativos sobre a competitividade do setor no mercado internacional.

Internamente, a inflação também continua sendo uma preocupação, embora a expectativa seja de desaceleração nos preços dos alimentos. A CNA espera um aumento de 5,75% nos preços dos alimentos em 2025, abaixo dos 8,49% de 2024, graças à recuperação da safra agrícola. No entanto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar em 4,59% ao ano, superando o teto da meta de inflação de 4,5% estipulado para o próximo ano.

Outro desafio econômico previsto para 2025 no entendimento da Confederação é a manutenção da taxa Selic em níveis elevados. Segundo a CNA, a política monetária continuará sendo um ponto de atenção, especialmente diante das dificuldades fiscais e das expectativas inflacionárias. A projeção é de que a Selic se mantenha em 13,5% ao fim do próximo ano, o que deverá impactar negativamente as concessões de crédito ao setor agropecuário, tornando o acesso a financiamentos mais difícil e caro para os produtores devido aos juros altos.

Crédito

Segundo o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, os bancos ficaram mais restritivos à oferta de crédito ao produtor em razão das quebras de safra, e o mercado privado de oferta de crédito tem crescido, como os Fiagros, por exemplo, como uma maneira de diversificação. Além disso, Lucchi destacou o crescimento da inadimplência do produtor, onde de outubro de 2023 a outubro de 2024 a inadimplência da carteira de crédito com recursos direcionados a pessoas físicas saltou de 1,08% para 3,62%.

A CNA avalia que a política agrícola brasileira enfrentará desafios orçamentários em 2025, exigindo do setor agropecuário uma organização estratégica para fortalecer a gestão de riscos, ampliar as fontes alternativas de financiamento, como o mercado de capitais, e adotar medidas que garantam a sustentabilidade econômica diante do aumento nos custos de produção.

O orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) para o próximo ano não deverá apresentar aumento. Com um recurso previsto de R$ 1,06 bilhão, o valor é considerado insuficiente frente à demanda do setor, que é de R$ 4 bilhões. Contudo, o setor agropecuário aposta em novas alternativas para modernizar o seguro, como o Projeto de Lei 2.951/2024, que propõe mudanças no Fundo Catástrofe e outras alterações que podem fortalecer a ferramenta.

Análise de 2024

Em 2024, o PIB do agronegócio brasileiro pode registrar um crescimento de até 2%, revertendo a tendência de retração observada nos últimos meses, avaliou a CNA.

Segundo o presidente da entidade, João Martins, “esperávamos encerrar o ano com um PIB negativo”, em decorrência dos eventos climáticos, como a seca prolongada nos Estados produtores de grãos e as chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul. Contudo, a recuperação nos preços de alguns produtos agropecuários no último trimestre, especialmente da bovinocultura de corte, deve impulsionar o setor.

Este ano, na avaliação da CNA, o ciclo de aperto monetário elevou a taxa Selic, pressionou o custo do crédito rural e aumentou as taxas de juros para recursos livres. Com o avanço da inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá fechar o ano acima do teto da meta de 4,5%.

No comércio exterior, as exportações de produtos do agronegócio mantiveram-se estáveis em 2024, tanto em valor quanto em volume, em comparação com o ano anterior. Até novembro, o Brasil exportou US$ 152,6 bilhões em bens do setor, uma leve queda de 0,3% em relação ao mesmo período de 2023. A expectativa é que o valor total das exportações atinja cerca de US$ 166 bilhões até o fim do ano. A participação do agronegócio nas exportações totais do país também se manteve estável, representando 49%.

Recuperação para a agricultura e desafios para a pecuária

A CNA apresentou como perspectiva para 2025 um cenário de recuperação na produção agrícola e desafios para a pecuária.

No setor agrícola, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou uma safra de grãos recorde para 2024/25, com 322,53 milhões de toneladas, representando uma alta de 8,2% ou 24,6 milhões de toneladas em relação à safra anterior. O crescimento é impulsionado pela elevação de 1,9% na área plantada e pela recuperação da produtividade média.

No setor da pecuária, a produção de leite deve crescer 1,5% em 2025, favorecida pela desaceleração econômica e das importações do produto, que atingiram recordes em 2024. A oferta de alimentação concentrada mais acessível também deve ajudar nesse crescimento modesto.

Por outro lado, a produção de carne bovina está projetada para registrar uma queda de 3,3%, refletindo a virada do ciclo pecuário. O consumo interno de carne bovina deve recuar 1,5%, mas as exportações devem apresentar um cenário positivo, com um aumento de 1,8% no volume embarcado de carne bovina em 2025.

O câmbio favorável deverá impulsionar as exportações de proteínas animais, mas também impactará nos custos de produção da pecuária, especialmente no que se refere aos insumos importados. Com a redução na produção de carne bovina e o aumento das exportações, a tendência é que os preços se sustentem. Neste contexto, a carne de frango deve se tornar uma opção mais acessível para os consumidores brasileiros.

Valor Bruto da Produção

De acordo com projeções da CNA, o Valor Bruto da Produção (VBP) deste ano está estimado em R$ 1,34 trilhão, o que representa um leve aumento de 0,3% em relação ao ano passado. Esse resultado é impulsionado pela receita agrícola, que deverá alcançar R$ 886,55 bilhões, embora com uma redução projetada de 2,5%. Por outro lado, a receita da pecuária deve registrar crescimento de 6,2%, totalizando R$ 453,3 bilhões.

Para 2025, a expectativa é de um crescimento de 7,4% em relação a 2024, com a previsão de um VBP de R$ 1,43 trilhão. A receita agrícola deve atingir R$ 937,55 bilhões, refletindo a recuperação da produção após a quebra de safra deste ano. Já o VBP da pecuária deve crescer 9,2%, alcançando R$ 495,13 bilhões, com destaque para a bovinocultura de corte, que deve registrar um aumento de 20,9%, impulsionado pelos preços.

Clima

Em relação ao clima, o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, afirmou que pode-se esperar um fenômeno La Niña que perca força nos meses de janeiro e fevereiro, resultando em “um veranico menor em boa parte do país, e o excesso de chuva que poderia acontecer em outras regiões menor”.

No entanto, o diretor pontua que há uma possível perspectiva de El Niño que se desenha para o final do ano de 2025, mas “ainda muito fraca para a gente afirmar que vai ter algum problema climático”, e com uma tendência de um ano com condições climáticas mais favoráveis à agropecuária que 2024.

Com informações do Globo Rural / Gabriella Weiss 
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