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Produtores de cana-de-açúcar relatam escassez de mão de obra em Minas Gerais

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A falta de mão de obra para atuar na cultura de cana-de-açúcar de Minas Gerais e do Brasil tem preocupado os produtores. Eles alegam que existe dificuldade para encontrar tratoristas, colhedores e até mesmo trabalhadores para funções de cunho administrativo.

O diretor-executivo da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), José Guilherme Nogueira, relatou o problema em audiência pública da Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nessa quarta-feira, 13.

A reunião foi solicitada pelo deputado Antonio Carlos Arantes (PL) para debater a importância da produção de cana-de-açúcar para o estado.

Conforme o dirigente, a percepção que fica é que a objeção não é apenas devido a questões regionais, mas, sim, de que as pessoas estão optando por não trabalhar. Segundo ele, os produtores estão fazendo análises para entender, de fato, o que tem motivado a adversidade.

Nogueira pondera que o salário não é baixo. De acordo com o diretor-executivo, um tratorista, por exemplo, recebe de R$ 4,3 mil a R$ 5 mil por mês para uma jornada de 44 horas semanais. “Geralmente, os tratores ainda são cabinados, mas as pessoas vão lá, trabalham dois, três dias, e não voltam mais. Nas áreas administrativas, acontece o mesmo problema. Temos visto esse apagão e com uma carência de qualificação também”, enfatiza.

Outros desafios

Além da escassez de mão de obra e de qualificação dos trabalhadores, o dirigente ressalta que o setor enfrenta outros desafios que atrapalham o crescimento da canavicultura.

Um deles está relacionado à remuneração da cana-de-açúcar para os produtores. Ele explica que existem políticas de desenvolvimento da área avançadas que não contemplam o produtor, mesmo sendo endereçadas a isso, e que algumas usinas que produzem etanol em Minas Gerais ainda não repassam para os produtores o Crédito de Descarbonização (CBio).

Em outubro, um projeto de lei que garante ao produtor de cana-de-açúcar destinada à produção de biocombustível participação nas receitas obtidas com a negociação de CBios emitidos pelos produtores e importadores de biocombustível foi aprovado pelos deputados federais.

Embora ainda não esteja previsto na legislação, visto que precisa do parecer dos senadores, Nogueira destaca que o repasse deveria ser feito por ser importante para os produtores.

De acordo com o diretor-executivo da Orplana, os créditos outorgados de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que seria outra relevante receita, foram entregues para as usinas, no entanto, também não foram repassados aos produtores. “Não somos contra as usinas, mas quando o bolo está pronto, precisamos do nosso pedaço”, diz.

Outro desafio da canavicultura se refere a investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Segundo o dirigente, existem apenas três instituições de desenvolvimento de cana no Brasil, contudo, é preciso ter mais para que a produtividade do setor volte a subir e, consequentemente, reduza custos e o produto chegue mais barato ao consumidor.

Potencial de Minas Gerais

Para o dirigente, Minas Gerais tem área para produzir entre 150 milhões e 200 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano, porém, é necessário haver estímulos ao setor.

Ele realça que o estado tem elevado a produção a cada ano mesmo enfrentando intempéries climáticas, como as queimadas este ano, que geraram uma perda de 50 mil hectares.

Dados apresentados por Nogueira na reunião mostram que, na safra 2023/24, o estado produziu 78,6 milhões de toneladas, número que deve subir na safra 2024/25, cuja estimativa é de uma produção de 83 milhões. Conforme o diretor-executivo, Minas Gerais detém hoje 11% da produção nacional e é o segundo maior produtor, atrás somente de São Paulo.

Diário do Comércio (MG) /Thyago Henrique
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