Um incêndio de grandes proporções em um canavial, que provocou pânico e correria no município de Angélica, na região sul de Mato Grosso do Sul, resultou em uma multa milionária aplicada à usina responsável pela área. A Adecoagro, que desde 2008 produz etanol no município, foi autuada pela Polícia Militar Ambiental (PMA) em R$ 12 milhões por crime ambiental.
O fogo começou na manhã do dia 23 de agosto e só foi controlado cerca de 12 horas depois, após devastar uma área superior a 1,4 mil hectares. De acordo com a PMA, as chamas tiveram início em uma máquina utilizada na colheita de cana na Fazenda Ouro Verde e se espalharam rapidamente devido à forte ventania que atingia a região naquele dia.
No total, foram consumidos 1.464 hectares, sendo 1.401 hectares de lavouras de cana e pastagens e 63 hectares de vegetação nativa, incluindo Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL), tanto da fazenda quanto de propriedades vizinhas.
O cálculo da multa levou em consideração o tipo de vegetação atingida, sendo R$ 3 mil por hectare de cultivo e pastagem, R$ 10 mil por hectare de vegetação nativa e R$ 5 mil por hectare de floresta cultivada.
Além da penalidade financeira, a Adecoagro deverá apresentar ao órgão ambiental estadual um projeto de recuperação de área degradada ou alterada (Prada) para restauração do bioma danificado.
Durante o incêndio, o cenário foi de desespero. Produtores rurais da região precisaram remanejar seus rebanhos bovinos e abandonar chácaras diante do risco de que as chamas atingissem imóveis e animais. O combate ao fogo mobilizou dezenas de brigadistas da usina, além de empresas locais e produtores rurais, que trabalharam na formação de aceiros e no resfriamento da área atingida.
A Adecoagro, multinacional do setor sucroenergético, mantém duas unidades industriais em Mato Grosso do Sul (uma em Angélica e outra em Ivinhema) e processa a cana-de-açúcar de mais de 70 mil hectares cultivados na região. A planta de Angélica tem capacidade de moer 5,6 milhões de toneladas de cana por safra, produzindo etanol, açúcar e energia elétrica a partir do bagaço.
Jornal Correio do Estado de MS| Mariana Piell
Com colaboração de Neri Kaspary