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Usina Paineiras aposta em arrendamento de áreas de cana para garantir atividade

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Produção de cana no sul do Espírito Santo será maior em 2024, mas ainda assim é pequena para atender a demanda

As distâncias entre os gomos nos pés de cana-de-açúcar vistos nos canaviais do sul do Espírito Santo são um sinal de que, este ano, as condições climáticas favoreceram a produção e a expectativa é de uma boa safra. Em 2024, a colheita prevista em Itapemirim, Marataízes e Presidente Kennedy é de 200 mil toneladas, um aumento de 30% em relação ao ano passado.

Ainda assim, a maior parte da matéria-prima da indústria capixaba precisa ser comprada fora do estado. Pensando nisso, a usina Paineiras, em Itapemirim (ES), está arrendando terras para atender a demanda.

O produtor Gilberto Fernandes cultiva cana-de-açúcar em Itapemirim há 40 anos e, nas últimas safras, tem obtido bons resultados. Este ano, ele pretende colher 16 mil toneladas nos 200 hectares plantados. “Este ano foi bom! Nós tivemos janeiro, fevereiro e março com muita chuva, então refletiu bem. Os canaviais estão bem melhores e eu acho que vamos ter uma produção melhor também”, disse.

Segundo Fernandes, o arrendamento favoreceu o aumento de produção nas pequenas propriedades. “De alguns anos para cá, com a nossa entrada no sistema de parceria, de arrendamento, a nossa produção melhorou muito. As nossas áreas são pequenas e a gente tem produzido bem mais nesse período”, indicou.

A Cooperativa de Fornecedores de Cana (Coafocana) conta com mais de 320 produtores cooperados, responsáveis pela produção de cana no Litoral Sul do estado. O presidente da entidade, Janderson Fortunato, diz que cerca de 70% de toda a produção nos três municípios atendidos pela Coafocana é absorvida pela empresa; os outros 30% vão para os alambiques.

Segundo Fortunato, o momento econômico também é bom para os produtores. “Este ano, os insumos baixaram de preço, o custo do adubo está bem inferior, então isso afeta diretamente o bolso do produtor, que tem um retorno maior da produção. Os herbicidas e outros insumos também tiveram uma queda considerável, tudo afeta no fator final da cadeia produtiva”, relata.

Assim, a maior parte da cana colhida nas lavouras do litoral sul do estado é beneficiada na usina de Itapemirim, onde é feita a produção de açúcar e etanol. Os preços desses produtos estão atrelados ao mercado internacional e têm sido considerados satisfatórios.

“As melhorias que andamos fazendo na fábrica, nos processos e também as orientações e incentivos para produtores de cana para melhoria da qualidade da matéria-prima fizeram do açúcar um produto mais rentável, e a gente hoje faz mais açúcar do que etanol. Algo em torno de 65% de açúcar e o resto de etanol”, contou o gerente administrativo da usina Paineiras, Junior Freitas.

De acordo com o gerente, a previsão é moer 700 mil toneladas de cana em 2024, o que representa uma alta de 22% em relação ao ano anterior e uma produtividade de 59 toneladas por hectare. Mas, mesmo com o crescimento, ainda existe uma capacidade ociosa de produção.

“Hoje, a gente vai fazer em torno de 700 mil toneladas de cana na moagem, sendo que quase 75% disso vêm do estado do Rio de Janeiro. A cana da nossa região vem se recuperando através de incentivos e do programa de arrendamento, mas ainda é uma quantidade pequena e a gente tem uma capacidade de moer muito maior do que fazemos aqui”, concluiu.

No programa de parceria, a usina arrenda 2,5 mil hectares de terra para a plantação de cana. O produtor divide a produção, mas também tem a garantia de escoamento do produto. “A usina não é produtora de cana, ela pegou as áreas próprias dela, passou no sistema de parceria com os produtores. Com isso, ela tem uma participação na produção dos produtores”, explica o gerente de matéria-prima, Custódio Marvila Fernandes.

Ele completa que a companhia dá assistência técnica e recomendações de adubação, preparo de solo, cronograma de colheita e de plantio. “Economicamente falando, você tem um canavial de seis anos por ciclo, um ano para você fazer o plantio e cinco anos com cinco colheitas. Então, o produtor que está plantando tem uma garantia do contrato de compra e venda dessa cana e sabe que vai produzir e escoar essa produção”, avaliou.

G1/Gustavo Ribeiro

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