A análise das especialistas, com o objetivo de esclarecer investidores de renda fixa a escolherem pela companhia, considerou indicadores operacionais, financeiros e de riscos do terceiro trimestre da safra 2022/23
Maior produtor de cana-de-açúcar global em volume de moagem, segunda maior distribuidora de combustíveis no Brasil, a verticalização em seus negócios de etanol e das operações, são pontos da Raízen classificados como positivos pelas especialistas em Renda Fixa da XP Investimentos em análise divulgada ontem, 07.
Entretanto, as analistas destacaram pontos de atenção para os investidores como a questão da companhia ser suscetível a quebras de safra, da sua dependência de fornecedores, da sua exposição à volatilidade de preços e de mercado de açúcar e combustíveis e por conta da questão da eletrificação da rede de carros.
A Raízen, hoje maior grupo sucroenergético do Brasil, com 30 parques bioenergéticos, segundo a análise das especialistas, apresentou um resultado mais fraco no segundo semestre da safra 2022/2023 (3T22).
“Em um cenário de grande volatilidade, a Companhia conseguiu expandir seu volume de vendas no trimestre, com destaque para Renováveis e Energia Elétrica. Contudo, sua performance foi afetada por efeitos adversos nos estoques dos combustíveis no Brasil, refletindo a queda consistente de preços de todos os produtos no segmento. No período, a liquidez corrente da Raízen totalizou 1,3x, em linha com o histórico da Companhia”, afirmam as analistas.
No acumulado do ano, o fluxo de caixa das operações permaneceu estável, no entanto, o maior dispêndio com investimentos, e uma menor captação líquida de dívida, resultou em uma queda no fluxo de caixa total do período, de acordo com análise.
“Do lado dos investimentos, houve maiores dispêndios, especialmente, nos Parques de Bioenergia para (i) recuperação da produtividade agrícola; (ii) aceleração dos investimentos nas plantas de E2G e de Biogás; e (iii) aportes relevantes para incrementar a capacidade e a eficiência energética da nossa refinaria na Argentina. Enquanto isso, na linha referente aos financiamentos, o impacto foi oriundo das captações para o financiamento dos investimentos e otimização da estrutura de capital e a amortizações”, afirmaram as especialistas em Renda Fixa da XP Investimentos.
Apesar do aumento da receita líquida em 31,5%, em uma comparação anual, o EBITDA acabou sendo comprometido, segundo a análise, devido às condições adversas no setor de distribuição de combustíveis que sofreu em meio a turbulências políticas e importantes mudanças tributárias, afetando a linha de Marketing & Serviços, além de Renováveis. “Os problemas climáticos ainda persistem, mas a recuperação contínua da produtividade da cana-de-açúcar é promissora”, dizem em análise.
O lucro líquido da Raízen apresentou resultados negativos e divergiu com o histórico da Raízen, um reflexo, de acordo com as especialistas da Xp Investimentos, da maior despesa financeira em decorrência da elevada taxa básica de juros, desvalorização cambial na argentina, volume da dívida, entre outros, e de outras receitas e despesas operacionais. “De modo geral, o segundo fator negativo foi impactado, em especial, pelo reconhecimento de créditos fiscais”, observaram.
Na frente de endividamento, para as analistas, não houve grandes mudanças em termos de magnitude. A Dívida Bruta reportada totalizou R$ 40,7 bilhões e o endividamento líquido, que subtrai da dívida bruta as disponibilidades em caixa, encerrou o 3T22 em R$ 34 bilhões.
A estabilidade da dívida líquida juntamente com um resultado operacional mais forte nos últimos doze meses (UDM) refletiu em uma menor alavancagem (Dívida Líquida/EBITDA), de 3 x. Além disso, no trimestre, houve captações de curto prazo para financiamento da parada da refinaria na Argentina de R$ 2,0 bilhões.
A Raízen, em seu último relatório do 3° trimestre da safra 2022/23, afirmou que não está sujeita ao cumprimento de índices financeiros, estando sujeita apenas a determinadas cláusulas restritivas (“covenants“) existentes nos contratos de empréstimos e financiamentos, tais como “cross-default” e “negative pledge”, as quais estão sendo atendidas de acordo com as exigências contratuais. Em 30 de setembro de 2022, todas as cláusulas restritivas referentes aos empréstimos, financiamentos e debêntures foram contempladas pela Companhia.