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Conservação de solo em cana precisa evoluir

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O conceito de conservação do solo é preservar a “saúde” dele através de práticas conservacionistas garantindo o equilíbrio entre produção de alimentos e preservação do meio ambiente. “Conservar o solo é um ato de altruísmo que visa preservar os recursos naturais para as próximas gerações”, diz o consultor Tadeu Nascimento Cury, assessor técnico expert em Cana-de-açúcar.

Hoje as técnicas que podem ser aplicadas para a conservação dos solos na cultura da cana-de-açúcar, chamadas de práticas conservacionistas, podem ser divididas três ações. As de caráter vegetativo, as de carácter edáfico e de caráter mecânico.

“Vegetativos são aquelas práticas em que se utiliza a vegetação para defender solo contra erosão, como plantas de cobertura, cultura em faixas, cobertura vegetal morta etc. As de caráter Edáfico são aquelas que, com modificações no sistema de cultivo, mantém ou melhoram a fertilidade do solo, como é o caso do controle de fogo, adubação mineral, adubação orgânica, calagem, gessagem et. Temos ainda as práticas de caráter Mecânico, que são aquelas em que se recorre a estruturas artificiais com a finalidade de quebrar a velocidade de escoamento da enxurrada e facilitar a infiltração da água no solo, com o uso de terraços ou projetos de drenagem das áreas agrícolas”, explica Cury.

Hoje, o manejo pensando na conservação do solo é feito por usinas e produtores no momento da reforma do canavial. São realizadas muitas operações de sistematização e preparo de solo no momento da reforma dos talhões de cultivo, momento em que os talhões mais ficam expostos aos fatores erosivos como a chuva por exemplo. Segundo Cury, esse preparo de solo se faz necessário devido a compactação do solo promovido pela mecanização nos tratos culturais e colheita ou outros motivos como plantas daninhas e pragas.

“As operações de preparo de solo trazem aspectos positivos e negativos. Aspectos positivos são a descompactação do solo para um bom desenvolvimento radicular e melhoria na taxa de infiltração da água no solo. No entanto, esse preparo traz efeitos negativos como o aumento da suscetibilidade dos solos à erosão hídrica, por deixar o solo desagregado e exposto (sem cobertura vegetal), permitindo que as gotas das chuvas impactem diretamente no solo (início do processo erosivo)”, afirma Cury.

Manejo dos solos x produtividade

Há uma grande relação em manejo de solos e produtividade agrícola, pois manejar o solo vai desde sistematização, preparo de solo, plantio de cobertura vegetal, traçado de plantio, até o sistema de colheita utilizado. E todos esses itens podem aumentar ou declinar a produtividade agrícola dos canaviais, porque quanto maior a assertividade no planejamento e execução da diretriz agrícola, mais responsiva será a produtividade dos canaviais, segundo o especialista.

“Os impactos da compactação do solo pela mecanização influenciam diretamente na diminuição da infiltração da água no perfil do solo, aumentando a quantidade de enxurrada, aumentando erosão. A diminuição desse impacto da mecanização deve ser feito através de práticas conservacionistas mecânicas, como o controle de tráfego em todos os processos agrícolas, pois devemos preservar os “canteiros” nas linhas de cana, preservados sem pisoteio, porque nas linhas de cana a infiltração da água é maior que na entrelinha compactada”, explica.

Dessa forma, Cury acredita que as usinas e produtores precisam de evoluir para colhedoras 2 de linhas, a fim de reduzir a área compactada no canavial, aumentando a infiltração da água e, consequentemente, diminuindo enxurrada e o  potencial erosivo dentro dos canaviais.

Estudo Pedológico 

O estudo pedológico é o começo de toda a conservação do solo, de acordo com Cury, e deve ser feita com muito critério desde a escolha do laboratório de análise do solo, grid amostral (quantos hectares por ponto) até a metodologia de classificação utilizada.

“Assim garante-se uma informação confiável. No entanto, devemos levar mais itens em consideração como: topografia, plataforma de produção, plataforma de logística, fazenda inserida na bacia hidrográfica, águas externas, entre outros. Esse estudo, se  bem realizado, será necessário fazer uma única vez. Mas se as informações tiverem um bom embasamento técnico, sempre virá a tona a necessidade de se refazer todo o trabalho”, destaca Cury.

Este exemplo mostra como o tipo de cobertura de solo impacta na perda de solo pela chuva. (Cana, palha e terra exposta)

Mas qual é o primeiro passo? O primeiro passo é procurar uma assessoria técnica que possa realizar um diagnóstico de como implantar um sistema de conservação do solo eficiente para cada caso e cenário. “Cada fazenda possui sua particularidade dentro da paisagem a que está inserida e isso deve ser levado em consideração no manejo como um todo. É um assunto muito técnico, de extrema importância e que demanda um plano e execução de longo prazo. Dessa forma o produtor rural ou usina diminui as chances de errar, pois erros em conservação do solo são irreparáveis”, afirma Cury.

Para ele a conservação de solo precisa ir além da operação de terrceamento, e aderir a outras práticas com o levantamento topográfico feito a laser da bacia hidrográfica, entendimento da fazenda dentro da bacia hidrográfica que ela está inserida, implementação de sistemas de drenagem (interceptação, condução e destino da água), realização de manejos diferenciados em áreas periurbanas, aderência aos pilares de conservação do solo, uso de transbordos com menos pontos de articulação e colhedoras de duas linhas.

Por Natália Cherubin

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