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Açúcar: fatores podem fazer com que preços alcancem novas máximas

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A alta fixação das usinas sucroenergéticas brasileiras, assim como a posição dos fundos especulativos e a postergação das compras por parte de indústrias são três dos quatro pilares que sustentam a alta inesperada do mercado futuro de açúcar em NY nos últimos dias.

Arnaldo Luiz Corrêa, diretor da Archer Consulting explica que as usinas brasileiras estão suficientemente fixadas, entre 65-70% do volume de exportação, para a safra que se inicia em março/abril e, portanto, estão impedidas de prover liquidez para as compras vorazes dos especuladores.

“Ora, com menos usinas atuando como contraparte, os fundos deslocaram a curva de preços do açúcar para cima com uma quantidade de lotes bem menor”, disse Corrêa em sua análise semanal.

Outro fator são os fundos especulativos, que construíram seu long (posição comprada) perto dos 18,50 centavos de dólar por libra-peso e que agora estão muito confortáveis com essa posição.

“Temos os consumidores industriais finais como protagonistas, pois postergaram novas compras ou a reposição dos estoques decrescentes apostando que o mercado ofereceria mais produtos a preços menores em função do quadro fundamentalista”, adicionou.

O quarto pilar que tem sustentado o preço do açúcar é “um razoável volume vendido a descoberto de opções de compra fora-do-dinheiro, que originalmente ambicionava apenas capturar prêmio se viu numa situação cuja neutralização do risco eminente obrigava a compra de futuros. Era chuva fina e virou um temporal”, adicionou Corrêa.

NY encerrou a última sexta-feira, 3, cotado a 21,23 centavos de dólar por libra-peso no vencimento março/23, após ter negociado 21,86 centavos de dólar por libra-peso na semana. O fechamento de sexta corresponde a 2,513 reais por tonelada, considerando a cotação do Banco Central do Brasil de R$ 5,1292 por dólar.

No acumulado do ano, o contrato futuro de mar/23 em NY já se valorizou 119 pontos correspondentes a pouco mais de 26 dólares por tonelada. Os contratos com vencimentos seguintes tiveram valorização entre 9 e 28 dólares por tonelada, com os vencimentos curtos apreciando mais que os vencimentos longos.

Corrêa explica que o mercado chegou a subir 200 pontos em 6 sessões e a posição em aberto (saldo mantido pelos participantes do mercado) cresceu 70 mil lotes. O volume em aberto nas calls – questão que impacta o quarto pilar acima mencionado – com preço de exercício entre 20 e 22 centavos de dólar por libra-peso, com vencimento para março/23, que expiram daqui a duas semanas, soma 66.500 lotes.

“Mas, e os fundamentos? Pois é. Não dá para inserir uma narrativa simplista explicando o que está acontecendo com o mercado e dizer – por exemplo – que tudo está assim porque a Índia vai produzir menos. Dois milhões de toneladas de açúcar a menos na exportação indiana conseguem mover o mercado para 21 centavos de dólar por libra-peso? Há um pouco de exagero nisso. Mas, é assim mesmo, os mercados normalmente exageram na alta e na baixa. Depois, é só criar uma narrativa que faça sentido”, disse Corrêa.

Os números publicados na quinta-feira passada pela ISMA (Indian Sugar Mills Association), a principal associação das usinas indianas, mostrava, segundo o analista da Archer, que o país produziu até o final de janeiro, 19,35 milhões de toneladas de açúcar, volume 3,42% acima do mesmo período do ano passado.

“Lembrando que estimamos o custo de produção do açúcar bruto indiano em 18,54 centavos de dólar por libra-peso. É claro que tudo pode mudar. Creio que o mercado já incorporou nos preços que a Índia não vai produzir mais do que 34,5 milhões de toneladas de açúcar nesta safra, não deverá haver um segundo tranche permitindo a exportação de volume adicional às 6 milhões de toneladas autorizadas”, completou

Esse nível de preço no mercado internacional é economicamente viável para a exportação de açúcar indiano, tailandês e quem mais houver. No entanto, Corrêa explica que, dadas a inevitável ausência das usinas brasileiras por já estarem fixadas; as exportações indianas limitadas à quota de 6 milhões de toneladas, os consumidores finais encurralados e a sobra de caixa dos fundos podendo continuar a comprar mais contratos, nada impede que o mercado possa eventualmente alcançar novas máximas.

“Quem sabe ao se aproximar o vencimento das opções de março que expiram dia 15 de fevereiro o mercado tenha outro solavanco. Mas, enquanto isso, quem tiver açúcar para fixar e não o fizer, pode estar cometendo um erro grave”, salientou Corrêa.

Usinas poderão produzir mais açúcar

O Centro-Sul deve produzir 37 milhões de toneladas de açúcar na safra 23/24, volume significativo que deve compensar adequadamente uma eventual redução do total de exportação indiana. Além disso, Corrêa destaca que o mercado de petróleo (WTI), que não se recuperou do tombo levado em junho do ano passado, continua num intervalo de 75-83 dólares por barril. Já o gás natural caiu 47% este ano, o diesel 16%e a gasolina 6%.

“O real se valorizou em relação ao dólar, que chegou a ser negociado na última semana a R$ 4,94. A valorização da moeda brasileira no ano já ultrapassa os 5%. Assim, se essa tendência se mantiver, o preço da gasolina deve ser reajustado para baixo, pressionando ainda mais o já combalido hidratado. Quem puder produzir mais açúcar, o fará”, disse Corrêa.

Com todos este fatores ocorrendo, o que precisa ocorrer para que os preços continuem subindo indefinidamente contrariando os fundamentos? A resposta, segundo o analista da Archer Consulting, deve surgir nas próximas semanas.

Natália Cherubin, com informações Archer Consulting
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