A Jalles, um dos maiores grupos sucroenergéticos do Brasil e o maior exportador mundial de açúcar orgânico da região Centro-Oeste brasileira, registrou um lucro líquido de R$ 450,9 milhões no 3T23, alta de 166%. O número foi divulgado pela companhia ontem, 13.
O EBIT Ajustado da Jalles somou R$ 104,9 milhões no 3T23, queda de 48,7%, com margem de 20,6% (-36,1 p.p.). O EBITDA Ajustado totalizou R$ 313,5 milhões no 3T23 (+7,5%), com Margem de 61,6%. A variação reflete, principalmente, de acordo com a companhia, no maior volume comercializado de etanol, que cresceu 244,3%.
No 3T23, a Jalles processou 526,1 mil toneladas de cana, sendo que dessas, 112 mil foram processadas na unidade Santa Vitória. O volume é 44,2% inferior às 943 mil toneladas no mesmo período da safra anterior.
“A safra 2022/23 enfrentou adversidades climáticas que levou ao seu encerramento em outubro/22, enquanto a safra 2021/22 havia se encerrado em novembro/21, o que impactou o volume de cana processada durante o 3T23. Se considerar a cana processada acumulada proforma no ano safra, verifica-se que houve um aumento de 26,6%%, com 6.783,1 mil toneladas nos 9M23, por conta da agregação da safra de SVAA com 1,8 mil toneladas”, disse a Jalles em relatório.
Produtividade média cai 25% queda devido a clima e incorporação de nova unidade
Com área colhida total de 8,8 mil hectares no 3T23, a companhia registrou um recuo de 25,4% quando comparada com a área de 11,8 mil hectares observadas no 3T22. No entanto, no acumulado safra, a área colhida proforma alcançou 87,2 mil hectares, incluindo 3 mil da unidade SVAA, o que superou em 52% os 57,4 mil hectares nos 9M22.
A produtividade média atingiu 60 t/ha no 3T23 ante 80,2 t/ha no mesmo trimestre da safra anterior, redução de 25,2% que é explicado, principalmente, pelo desempenho da SVAA registrado no 3T23 e não considerado no 3T22. No acumulado da safra (9M23), o TCH proforma foi 16,7% menor, já que atingiu 77,8 t/ha ante 93,4 t/ha na safra anterior devido à produtividade menor de SVAA.
No 3T23, a Jalles alcançou produção total de 81,8 mil toneladas de ATR, volume 38% menor do que o produzido no 3T22, de 132,1 mil toneladas, devido ao encerramento da safra no início do mês de novembro. Nos 9M23, a Companhia atingiu 986,2 mil toneladas de ATR proforma.
Perspectivas para o mercado de etanol e açúcar
Na comparação dos 9M23 com o mesmo período da safra 2021/22, houve alteração no mix devido à inclusão de SVAA, porém permanecendo a maior concentração em etanol no mix geral. Contudo, observa-se que houve uma maior produção de etanol anidro no período dado o investimento de expansão realizado na Unidades Jalles Machado ao final de 2021. No 3T23, a produção de açúcar foi de 32,3 mil toneladas, 39,7% a menos do que no 3T22, 53,5 mil toneladas.
“A redução ocorreu em todos os produtos, sendo inferior em 92,2% no VHP e 36,8% no açúcar branco, sendo que nos dois períodos não houve produção de açúcar orgânico. A produção de açúcar acumulada na safra 2022/23 atingiu 305,6 mil toneladas ante 316,3 mil toneladas no ciclo anterior, volume 3,4% menor. O efeito de redução da produção está ligado à condição climática e ao período mais curto de safra”, disse a companhia.
Para o açúcar, apesar das previsões de aumento de processamento de cana no Centro-sul e paralelamente a um mix açucareiro no mercado, a companhia afirmou que não há evidências que o balanço global de açúcar seja alterado de maneira a levar a uma queda de preços. “Por outro lado, não há indicações de fatores que impulsionem os preços, o que leva o mercado a uma estabilidade”, disse em relatório.
A produção de saneantes (álcool gel, álcool 70º e outros) da companhia foi 58,1% menor entre o 3T23 e 3T22, sendo produzidas 293,2 mil caixas no 3T23 ante 699,4 mil caixas no 3T22. Já nos 9M23, a produção foi 57,8% menor, 1.022,4 mil caixas no trimestre ante 2.422,7 mil caixas nos 9M22. A menor incidência de casos de Covid-19 tem arrefecido a demanda pelo produto, ao mesmo tempo em que a Companhia priorizou a produção do etanol por condições de mercado.
“Visualizamos a possível manutenção da desoneração fiscal dos combustíveis e a consequente continuidade da alta paridade em relação à gasolina. Sendo assim, optamos por comercializar grande parte do nosso estoque disponível ao longo dos meses de outubro a dezembro; estratégia que se mostrou acertada. No 3T23, foram comercializados 107,1 mil m3 de etanol, volume 244,3% maior do que no 3T22”, disse a Jalles.
Natália Cherubin para RPAnews