Ações chegaram a disparar 10,06% antes de entrarem em leilão e se consolidarem como o principal destaque positivo do pregão
A Raízen viveu uma montanha-russa na bolsa de valores B3 nesta quinta-feira, 6. Depois de figurar entre as maiores quedas do Ibovespa durante a manhã, os papéis da produtora de etanol reverteram completamente a tendência e passaram a subir de forma expressiva.
Por volta das 15h40, as ações chegaram a disparar 10,06% antes de entrarem em leilão e se consolidarem como o principal destaque positivo do pregão. Ao fim do dia, o papel RAIZ4 fechou com alta de 8,28%, cotado a R$ 1,82.
Apesar do forte rali, a Raízen acumula uma desvalorização de 15,3% no ano. Atualmente, a companhia foi avaliada em aproximadamente R$ 2,5 bilhões, em reflexo às dificuldades enfrentadas pelo setor diante do ambiente macroeconômico desafiador.
O movimento positivo dos papéis diz respeito às expectativas de que a companhia adote medidas concretas para reduzir sua elevada alavancagem financeira, especialmente em meio ao cenário de juros elevados no Brasil.
De acordo com o jornal Valor Econômico, a empresa considera um aumento de capital como parte de sua estratégia para diminuir o endividamento. Embora os valores dessa eventual operação ainda não tenham sido divulgados, o mercado reagiu positivamente à possibilidade.
Ao final do último trimestre, o endividamento líquido da Raízen alcançava R$ 31,6 bilhões. Já o conglomerado Cosan, sua controladora, possuía dívidas da ordem de R$ 21,7 bilhões no terceiro trimestre de 2024.
O possível aumento de capital surge em meio a esforços mais amplos da Cosan para reduzir o endividamento. Recentemente, o grupo comandado por Rubens Ometto anunciou: uma oferta de recompra de até US$ 900 milhões (cerca de R$ 5,17 bilhões) em bonds emitidos pela Cosan Luxemburgo; o resgate antecipado de US$ 392 milhões (R$ 2,25 bilhões) em títulos de dívida com vencimento em janeiro de 2027; e a venda de 4,05% de participação na Vale por R$ 9 bilhões.
Embora essas medidas possam contribuir para diminuir o desconto histórico das ações da Cosan na B3 e impulsionar os papéis, analistas alertam que a recuperação operacional depende também de um cenário macroeconômico mais favorável e da melhora nos resultados da Raízen.
A subsidiária tem enfrentado dificuldades financeiras após anos de investimentos expressivos em expansão, inclusive projetos de etanol de segunda geração (E2G), cuja produção, mais sustentável, exige um alto volume de capital.
A mudança na política monetária também impactou negativamente a companhia. Durante um período de juros mais baixos, a Raízen aproveitou para expandir suas operações, mas, com a recente alta das taxas, a companhia perdeu atratividade para investidores e deixou de pagar dividendos.
Desde outubro de 2024, a empresa, na liderança de Nelson Gomes, mantém a missão de implementar uma gestão mais eficiente e acelerar o processo de desalavancagem financeira.
Uma das estratégias cogitadas para aliviar a pressão financeira da Raízen inclui a venda de participação no Grupo Nós, dono da rede de lojas de conveniência Oxxo no Brasil. Outra possibilidade seria buscar um parceiro para o negócio de etanol de segunda geração.