Os estoques de açúcar no Centro-Sul do Brasil ficaram, em média, cerca de 70% abaixo do nível histórico no primeiro trimestre, levando a um direcionamento maior da cana-de-açúcar para a produção do adoçante na segunda quinzena de março. A informação foi divulgada nesta terça-feira (15) pelo consultor da Safras & Mercado, Maurício Muruci, durante um evento online.
Segundo Muruci, os estoques de açúcar VHP (Very High Polarization) no período também ficaram entre 60% e 65% inferiores aos do mesmo trimestre do ano anterior. A queda ocorre após exportações recordes em 2024 e uma safra 2024/25 (abril a março) com menor produção na região.
Os dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) mostram que 43% da matéria-prima foi destinada ao açúcar na segunda metade de março – ante 33,5% no mesmo período de 2023. Esse movimento atípico, que antecede o início oficial da safra 2025/26 em 1º de abril, já está impactando o mercado físico, segundo o analista.
Na ICE, o contrato mais próximo do açúcar bruto caía 1,7%, para 17,57 centavos de dólar por libra-peso, por volta das 13h20 (horário de Brasília). Muruci explicou que, com os estoques reduzidos, muitas usinas optaram por produzir mais açúcar no começo da safra para cumprir contratos de exportação fechados anteriormente. Historicamente, no início da temporada, cerca de 70% da cana é direcionada ao etanol, e apenas uma parcela menor vai para o açúcar, devido à qualidade da matéria-prima e fatores operacionais.
Em março, a Unica informou que 57% da cana foi usada para etanol, refletindo ainda uma proporção maior para o açúcar em relação ao padrão habitual.