Brasil negocia exportação de coprodutos do milho com a China durante missão oficial
Em meio à crescente tensão comercial entre China e Estados Unidos, o Brasil enxerga uma oportunidade estratégica para ampliar sua presença no mercado chinês. A missão empresarial que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim nesta semana reflete esse movimento: representantes do agronegócio brasileiro esperam fechar novos acordos comerciais e intensificar parcerias com o país asiático.
Entre os produtos com maior potencial de crescimento nas exportações estão carnes de frango e porco, sorgo, frutas, etanol e os chamados grãos secos de destilaria (DDG, na sigla em inglês) — coproduto da produção de etanol a partir do milho, com grande valor na nutrição animal.
Segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luís Rua, as negociações ainda estão em andamento e envolvem aspectos técnicos que podem ou não ser resolvidos durante a visita. “O DDG é um dos produtos em que a gente tem expectativas, e também inclusive o etanol. As negociações estão em detalhes finais, detalhes técnicos que podem ser resolvidos a tempo ou podem eventualmente ficar por uma outra ocasião”, afirmou.
A comitiva brasileira, que inclui o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, cumpre agenda até o dia 21 de maio em diversas cidades chinesas, incluindo Pequim, Xangai, Hangzhou e Kunshan. A programação inclui eventos voltados a setores como café, proteínas animais, frutas e participação na maior feira de alimentos da China.
Para Luís Rua, o momento é propício para que empresários brasileiros consolidem relações com parceiros chineses. “O que a gente vê é interesse do ponto de vista de empresários brasileiros em aproximação com a China, seja por meio de acordos de parcerias, seja por acordos de cooperação ou mesmo acordos de investimento. Eu acho que há uma janela de oportunidade”, avaliou. “Tem empresários que estão indo para mapear, outros já estão mais avançados e podem avançar ali com algum tipo de acordo.”
Entre os pontos considerados estratégicos pelo governo brasileiro está a busca por maior alinhamento regulatório em biotecnologia agrícola. Segundo Fávaro, o objetivo é agilizar a aprovação de produtos geneticamente modificados nos dois países. “O presidente Lula perguntou qual era o pleito mais relevante para a agropecuária brasileira, e eu levei essa proposta. É uma demanda brasileira há algum tempo, visto que o país é referência mundial na área, com decisões baseadas na ciência”, destacou o ministro.
Com o estreitamento dos laços comerciais e políticos entre Brasília e Pequim, o Brasil se posiciona como um parceiro confiável para atender à crescente demanda chinesa por alimentos e insumos agrícolas. A expectativa é que, mesmo em meio a incertezas diplomáticas globais, o agronegócio brasileiro continue expandindo seu protagonismo no cenário internacional.