Nos últimos meses, temos acompanhado de perto os movimentos da Raízen — com olhos atentos e coração esperançoso. A troca de comando e o início de uma reestruturação mais alinhada com o core business já começam a produzir sinais positivos, especialmente na relação com os parceiros revendedores.
Quem vive na ponta, vendendo, sente: há mais diálogo, decisões mais coerentes, e um ar de reaproximação que anima. A turma da “EN” (de energia, de entrega, de entusiasmo) já começa a perceber que o gigante está, de fato, acordando — com mais foco, mais escuta e mais estratégia. Mas como bom mineiro, aprendi que não é porque a chuva caiu na sede que o pasto inteiro ficou molhado.
E aqui deixo uma reflexão respeitosa — daquelas que se escreve com a alma leve, mas os pés bem fincados na terra: Se a marca Raízen vem de “Raiz” + “Energia”, é hora de garantir que essa transformação chegue até a raiz mesmo — lá no campo, na lavoura, onde nasce o etanol, o açúcar, e o orgulho silencioso de quem levanta cedo e carrega o Brasil nas costas sem aparecer nas capas de revista.
Como dizia meu avô Anselmo: “Se a raiz estiver fraca, não adianta flor bonita no galho.” O agro da Raízen é robusto, cheio de gente competente e com vontade de entregar. Mas muitos líderes do campo ainda não sentem, no dia a dia, a mesma melhoria que começa a soprar nas cidades.
Ao novo CEO da Raízen — que não conheço pessoalmente, mas cujas decisões iniciais já mostram clareza e senso de urgência — deixo meu respeito e votos de sucesso.
Que esse mesmo olhar estratégico que reacendeu o ânimo dos revendedores possa, com tempo e sensibilidade, alcançar também os que estão na base, lá onde tudo começa. Porque não há energia sem raiz. E uma marca forte se constrói quando quem colhe e quem planta sentem que estão no mesmo lado da lavoura. E se acontecer também na RAIZ o que está aparecendo no EN.. o trem vai fica danado de bão.
*Wladimir Eustáquio Costa é CEO da Suporte Postos, especialista em mercados internacionais de combustíveis, conselheiro e interventor nomeado pelo CADE, com foco em governança e estratégia no setor downstream.
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