Tarifa de 50% pode desestabilizar planejamento das exportações do estado, que teve os Estados Unidos como segundo maior comprador em 2024
O “tarifaço” de Donald Trump ao Brasil pode afetar a indústria pernambucana de produtos como a cana-de-açúcar, uvas frescas e torres e pórticos de aço. Na quarta-feira, 9, o presidente dos Estados Unidos impôs tarifa comercial de 50% a todos os produtos brasileiros enviados ao país norte-americano, a partir de 1º de agosto.
Em 2024, Pernambuco exportou US$ 2,1 bilhões (equivalente a R$ 13,4 bilhões na cotação da época) para 139 países. Os Estados Unidos ficaram em segundo lugar entre os principais compradores dos produtos pernambucanos, atrás apenas da Argentina e à frente do México.
Os principais produtos exportados por Pernambuco, por sua vez, incluem açúcar (R$ 327,91 milhões), uvas frescas (R$ 190,89 mi) e torres e pórticos (R$ 116,64 mi), que são estruturas de aço.
O Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE) já avalia os reflexos que a decisão americana pode trazer para a região. O presidente da entidade, Renato Cunha, disse que vê com apreensão a taxação. De acordo com Cunha, a medida do governo norte-americano pode desestabilizar o planejamento das exportações de Pernambuco.
“É uma quebra de contrato; a gente vive de previsibilidade. De uma certa forma você está quebrando o costume e a performance, os pedidos que são feitos anualmente e que estão incorporados ao dia a dia das usinas, com impactos nos plantadores de cana”, afirmou.
Representantes da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) se reuniram nesta quinta-feira para discutir estratégias que possam amenizar os possíveis prejuízos. O gerente de política industrial da Fiepe, Maurício Laranjeira, acredita que os impactos poderão acontecer em uma reação em cadeia, da indústria até o consumidor final.
“Pernambuco é um estado muito mais importador do que exportador, mas a exportação também faz parte da nossa indústria e a gente está acompanhando quais setores vão ser mais afetados e acompanhando também todos esses passos que estão sendo dados pelo governo federal com relação à mediação e negociação”, disse
Ele ainda acrescentou: “As indústrias vão começar a rever a sua linha de produção, a capacidade de produção que eles têm, a quantidade de pessoas empregadas, investimentos futuros”.
G1/Carvalho