Os preços do açúcar foram impulsionados pela forte recuperação do petróleo na última sexta-feira (11), quando o barril subiu mais de 2%. A valorização foi atribuída à especulação de que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poderá anunciar em breve novas sanções sobre as exportações de petróleo da Rússia.
O contrato do açúcar bruto com vencimento em outubro avançou 1,9%, sendo negociado a 16,57 centavos de dólar por libra-peso. Já o açúcar branco, no contrato mais ativo, teve pouca variação, encerrando o dia a US$ 483,70 por tonelada.
A alta do petróleo tende a favorecer os preços do etanol, o que pode levar as usinas ao redor do mundo a direcionar uma parcela maior da moagem de cana para a produção do biocombustível, reduzindo a oferta global de açúcar.
Na semana passada, tanto o açúcar negociado em Nova York quanto em Londres registraram ganhos, impulsionados por preocupações com o aperto na oferta. O Paquistão anunciou que deverá importar 500 mil toneladas do produto, enquanto as Filipinas informaram que vão comprar 424 mil toneladas — movimentações que podem influenciar o equilíbrio global, segundo análise da Barchart.
Por outro lado, a trader Czarnikow projetou um excedente global de 7,5 milhões de toneladas de açúcar na temporada 2025/26 — o maior superávit dos últimos oito anos.
Em sua coluna semanal, o analista de mercado Arnaldo Corrêa, da Archer Consulting, destacou que o cenário ainda é incerto. O mercado aguarda a próxima atualização da UNICA, prevista para terça-feira (16), que poderá trazer mais clareza sobre os impactos das recentes geadas, da queda do ATR e da redução no TCH reportadas por diversas usinas.
“As estimativas que apontavam para uma produção superior a 40 milhões de toneladas de açúcar no Centro-Sul estão cada vez mais distantes da realidade observada no campo. Pelos dados disponíveis até agora, a moagem de cana deve variar entre 569 e 595 milhões de toneladas, com um ATR em queda acentuada. Diversas simulações indicam que é improvável haver uma recuperação significativa neste momento, o que pode colocar o indicador abaixo das duas últimas safras”, afirmou Corrêa.
Outro fator de atenção é o comportamento dos fundos de investimento, que atualmente estão vendidos em cerca de 132.248 lotes, o equivalente a 6,7 milhões de toneladas de açúcar. “Para pressionar o mercado para baixo, os fundos precisaram de um volume expressivo de contratos. Mas, para puxar os preços para cima, a alta pode ser mais rápida mesmo com menos lotes. Ou seja, a saída dessas posições tende a ser bastante traumática. A grande dúvida é: qual será o gatilho para esse movimento?”, disse o analista.
Natália Cherubin com informações da Barchart