A produção de açúcar no Brasil registrou forte avanço na primeira quinzena de agosto, pressionando as cotações internacionais da commodity. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o Centro-Sul produziu 3,615 milhões de toneladas no período, um crescimento de 16% em relação ao mesmo intervalo de 2024. Do total de cana-de-açúcar processada, 55% foi destinada à fabricação de açúcar.
Apesar desse aumento pontual, o acumulado da safra 2025/26 até meados de agosto soma 22,886 milhões de toneladas, representando queda de 4,7% em comparação ao ciclo anterior. A maior oferta momentânea tem exercido pressão sobre os preços nos mercados internacionais.
Cotações em Nova York e Londres recuam
Na bolsa ICE Futures, em Nova York, os contratos futuros do açúcar bruto encerraram em baixa na última sexta-feira (5). O contrato com vencimento em outubro/25 caiu 14 pontos, cotado a 15,55 centavos de dólar por libra-peso, enquanto o de março/26 recuou 17 pontos, a 16,16 centavos de dólar por libra-peso.
Na ICE Europe, em Londres, o açúcar branco também registrou desvalorização. O contrato de outubro/25 caiu US$ 3,70, para US$ 478,50 por tonelada, e o de dezembro/25 recuou US$ 1,90, para US$ 460,40 por tonelada.
Açúcar cristal mantém valorização no mercado interno
Enquanto as cotações internacionais recuaram, o mercado doméstico apresentou alta. Segundo o Indicador Cepea/Esalq (USP), a saca de 50 quilos de açúcar cristal foi negociada a R$ 119,65, representando avanço de 1,98%.
Exportações brasileiras de açúcar diminuem em agosto
Apesar do aumento na produção, o Brasil registrou recuo nas exportações de açúcar em agosto. Dados da agência marítima Williams Brasil apontam que o número de navios aguardando atracação nos portos brasileiros caiu de 76 para 72 unidades, com carregamentos programados de 2,916 milhões de toneladas, ante 3,317 milhões na semana anterior.
Segundo informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o volume total exportado no mês foi de 3,744 milhões de toneladas, gerando receita de US$ 1,501 bilhão. O preço médio de venda foi de US$ 401 por tonelada. Na comparação com agosto de 2024, houve queda de 4,5% no volume embarcado e de 16% na receita, enquanto o preço médio caiu 12,2% em relação aos US$ 456,60 por tonelada registrados no mesmo período do ano anterior.
Mercado segue atento à dinâmica de oferta e demanda
O cenário atual mostra que, apesar do crescimento pontual da produção no Centro-Sul, as exportações perderam fôlego e os preços seguem pressionados no exterior. Analistas destacam que a evolução da safra brasileira e o ritmo de embarques nos próximos meses serão determinantes para o equilíbrio do mercado global de açúcar.
*Portal do Agronegócio