A Cosan enfrenta um momento decisivo — ao mesmo tempo em que estuda quatro propostas para um aporte de capital estimado em até R$ 10 bilhões, sua atenção está totalmente voltada à capitalização da Raízen, joint venture com a Shell. Esse movimento estratégico reflete a necessidade de abordar antes a situação financeira mais complexa dentro do grupo. (Fonte: NeoFeed).
Os detalhes que movem o mercado
• Entre junho e agosto, as ações da Cosan registraram uma desvalorização de quase 40%, seguida por uma recuperação de mais de 30% — reflexo direto das especulações sobre capitalização.
• O grupo carrega hoje dívida líquida de R$ 17,5 bilhões, com alavancagem de 3,4 vezes.
• As quatro potenciais fontes de capital são Suzano, Mitsubishi, BTG Pactual e Perfin, de forma conjunta ou separada.
• Segundo fontes próximas à empresa, “temos hoje uma possibilidade de aumento de capital, sim. Mas não é o melhor momento para fazer.”
Raízen: o foco prioritário
• A Raízen, controlada pela Cosan e Shell, está em processo de desinvestimento para reduzir alavancagem, incluindo a venda de Shell Select, Shell Café e Oxxo, após o fim da parceria com a Femsa.
• Seu saldo de dívida líquida era de R$ 49,2 bilhões, com alavancagem de 4,5 vezes no 1º trimestre da safra 2025/26.
• Na próxima semana, o CEO Marcelo Martins viaja a Londres para apresentar aos sócios da Shell propostas de capitalização, com destaque para Mitsubishi e Mitsui.
O que esperar
A leitura de mercado é direta: “Em condições normais de temperatura e pressão, a capitalização da Cosan não sai este ano. A ação está à reboque do papel da Raízen.”
Enquanto a Cosan pondera a melhor forma de fortalecer seu balanço, parece claro que sua estratégia agressiva agora depende do sucesso da reestruturação da Raízen — uma manobra que pode determinar o ritmo da recuperação do grupo.
No fim das contas, o jogo é como café coado no pano — precisa de paciência, cuidado e tempo certo pra ficar forte sem amargar.
*Wladimir Eustáquio Costa é CEO da Suporte Postos, especialista em mercados internacionais de combustíveis, conselheiro e interventor nomeado pelo CADE, com foco em governança e estratégia no setor downstream.