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Cosan anuncia acordo com BTG Pactual e Perfin para reestruturação de dívida via OPAs bilionárias

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A Cosan, holding do empresário Rubens Ometto, anunciou na noite deste domingo (21) um acordo de investimento com o BTG Pactual e a gestora Perfin Infra, estruturado em torno de duas ofertas públicas primárias de ações (OPAs) que poderão movimentar até R$ 12,75 bilhões. A operação visa promover uma relevante desalavancagem financeira, fortalecer a estrutura de capital da companhia e destravar valor para os acionistas.

De acordo com o fato relevante, a primeira fase da capitalização será garantida pelos investidores âncora — BTG e Perfin — que assumiram o compromisso de subscrever integralmente até 1,45 bilhão de ações ordinárias, ao preço de R$ 5 por ação. Caso haja demanda, poderá ser acrescido um lote adicional de até 25% (ou 362,5 milhões de ações), totalizando potencialmente até R$ 9,06 bilhões nessa etapa.

A subscrição será feita por meio de uma nova holding, que contará também com a participação da Aguassanta Investimentos, veículo controlador da Cosan, e da Queluz, ambos family offices da família Ometto.

Na segunda etapa da operação, a Cosan pretende emitir até 550 milhões de ações adicionais, também ao preço fixo de R$ 5, com direito de prioridade para os atuais acionistas com posição ao final do pregão de 19 de setembro. O número total de ações emitidas nas duas OPAs será ajustado, se necessário, para não exceder 2 bilhões de papéis.

A expectativa é que a captação total fique entre R$ 10 bilhões e R$ 12,75 bilhões, dependendo da demanda na segunda oferta. Segundo estimativas da companhia, os recursos permitirão uma redução da dívida bruta da holding entre 36,1% e 46%, passando de R$ 27,7 bilhões para uma faixa entre R$ 14,95 bilhões e R$ 17,7 bilhões. A dívida líquida corporativa também deve cair entre 42,2% e 53,8%, saindo de R$ 23,7 bilhões para um intervalo entre R$ 10,95 bilhões e R$ 13,7 bilhões.

Lock-up e governança da operação

A estrutura prevê períodos distintos de lock-up. Metade das ações adquiridas por investidores da primeira oferta (excluindo os âncoras) terá restrição de negociação por dois anos. No caso dos papéis subscritos pela nova holding, o bloqueio será de quatro anos. O restante das ações dos investidores âncora não poderá ser negociado por 100 dias. Já os papéis da segunda oferta poderão ser livremente negociados, protegendo o direito dos acionistas que exercerem a prioridade.

As duas ofertas estão sujeitas à aprovação em assembleia geral extraordinária, que será convocada em até três dias. Na pauta, estão:

  • O aumento do capital autorizado da Cosan para até 8 bilhões de ações ordinárias;

  • A dispensa aos investidores âncora e à nova holding da obrigatoriedade de realizar OPA por aquisição de participação relevante.

As consultorias BR Partners e G5 Partners foram contratadas para opinar sobre a equidade dos termos da operação. A expectativa é de que a primeira OPA seja concluída até 14 de novembro.

Momento estratégico para a Cosan

A operação chega em um momento decisivo para a Cosan, que busca reduzir seu alto grau de alavancagem e recuperar capacidade de investimento nos seus principais setores de atuação: energia, logística, açúcar e etanol.

No fim do segundo trimestre de 2025, a dívida bruta da Cosan (excluindo arrendamentos) era de R$ 27,7 bilhões. Já a dívida líquida corporativa — incluindo o valor de resgate de ações preferenciais (R$ 6,2 bilhões) — somava R$ 23,7 bilhões, segundo relatório da XP publicado em agosto. A empresa, no entanto, continua com nível elevado de liquidez: cerca de R$ 4 bilhões em caixa, sem vencimentos relevantes até 2028.

“A Cosan continua a desfrutar de ampla liquidez, com perfil de dívida alongado, mas enfrenta restrições operacionais causadas pelo nível de alavancagem”, destacou a XP no relatório.

O acordo com o BTG Pactual e a Perfin — ambos reconhecidos por suas carteiras robustas em infraestrutura e energia — insere dois investidores estratégicos no bloco de controle da companhia. A entrada deles sinaliza confiança no reposicionamento da Cosan e no potencial de geração de valor no médio e longo prazo.

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