Os preços do açúcar despencaram nesta segunda-feira (22), com o mercado de Londres registrando o menor patamar em quatro anos. A tendência de queda vem se acentuando nos últimos seis meses, de acordo com análise da Barchart, impulsionada principalmente pelo aumento da produção brasileira. Na última quinta-feira (19), o açúcar negociado em Nova York atingiu o menor nível em 4,25 anos nos contratos mais próximos.
O contrato de açúcar bruto com vencimento em outubro recuou 0,21 centavos de dólar, ou 1,4%, encerrando o dia a 15,25 centavos de dólar por libra-peso — próximo da mínima de dois meses e meio, registrada na semana passada, de 15,16 centavos. Já o preço do açúcar branco caiu 1%, sendo cotado a US$ 451 por tonelada.
Segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a produção de açúcar no Centro-Sul do Brasil — principal região produtora do país — aumentou 18% na segunda quinzena de agosto, em relação ao mesmo período de 2024, totalizando 3,872 milhões de toneladas.
Outro dado relevante é que 54,20% da cana-de-açúcar processada pelas usinas brasileiras foi destinada à produção de açúcar no período, ante 48,78% no ano anterior. No entanto, no acumulado da safra 2025/26 até agosto, a produção total do Centro-Sul registrou leve queda de 1,9% em relação ao mesmo intervalo de 2024, somando 26,758 milhões de toneladas.
Além do avanço da oferta brasileira, outro fator de pressão sobre os preços foi a informação divulgada pela trading Sucden, indicando que a Índia poderá redirecionar cerca de 4 milhões de toneladas de açúcar para a produção de etanol na safra 2025/26. Apesar disso, o volume não seria suficiente para reduzir o excedente doméstico, o que pode levar as usinas indianas a exportarem até 4 milhões de toneladas — o dobro da estimativa anterior de 2 milhões. A Índia é atualmente o segundo maior produtor mundial de açúcar.
Apesar do recuo nos preços, o mercado global ainda projeta um cenário de escassez. No fim de agosto, a Organização Internacional do Açúcar (ISO) estimou um déficit global de 231 mil toneladas para a temporada 2025/26 — o sexto ano consecutivo de déficit. A expectativa é que a produção global cresça 3,3% no ciclo, atingindo 180,6 milhões de toneladas, enquanto o consumo deve avançar apenas 0,3%, para 180,8 milhões de toneladas.

