Os preços do açúcar recuaram nesta quarta-feira (24) após um breve avanço, pressionados pela previsão de uma oferta global abundante para a próxima safra. A queda acontece após as cotações em Nova York e Londres atingirem, na terça-feira, os menores níveis em mais de quatro anos, aprofundando uma tendência de desvalorização que já dura sete meses.
O contrato de açúcar bruto com vencimento em outubro caiu 0,02 centavo de dólar, ou 0,1%, sendo negociado a 15,64 centavos de dólar por libra-peso. Por sua vez, o contrato mais ativo do açúcar branco caiu US$ 4,10, ou 0,9%, a US$ 458,70 por tonelada.
De acordo com projeção da consultoria StoneX, o mercado global de açúcar deve registrar um superávit de 2,8 milhões de toneladas na safra 2025/26. A estimativa representa uma reversão significativa em relação ao déficit de 4,7 milhões de toneladas previsto para o ciclo atual (2024/25). Esse cenário de superoferta tem contribuído para a pressão negativa sobre os preços internacionais.
A produção elevada no Brasil, maior produtor mundial de açúcar, é um dos principais fatores que explicam o movimento de queda. Segundo dados divulgados pela Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), a produção de açúcar no Centro-Sul do país na segunda quinzena de agosto cresceu 18% em comparação ao mesmo período do ano passado, totalizando 3,872 milhões de toneladas.
Além disso, as usinas brasileiras destinaram 54,20% da cana-de-açúcar processada para a produção de açúcar no período, ante 48,78% no mesmo intervalo de 2024. No entanto, no acumulado da safra 2025/26 até o fim de agosto, a produção total da região apresenta uma queda de 1,9%, somando 26,758 milhões de toneladas.
Outro fator que contribui para o viés de baixa no mercado é o posicionamento da Sucden, importante trading global de açúcar. A empresa afirmou que a Índia, segunda maior produtora mundial, poderá destinar 4 milhões de toneladas de açúcar para a produção de etanol na próxima safra. Apesar disso, o volume não seria suficiente para reduzir o excedente interno do país, o que pode levar as usinas indianas a exportar até 4 milhões de toneladas de açúcar — o dobro da expectativa anterior, que era de 2 milhões de toneladas.