Preços médios dos Cbios no ano-meta 2025 estão em R$ 63,3 por CBio, 22% abaixo do observado em 2024
O mercado de créditos de descarbonização (CBios) apresentou sinais de recuperação em setembro, após um período de forte volatilidade e pessimismo. Segundo o último relatório elaborado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, os preços dos CBios começaram o mês em R$ 32, chegaram a R$ 50 e encerraram setembro próximos de R$ 41 por crédito.
De acordo com o Itaú BBA, a melhora reflete uma “correção do pessimismo exagerado” observado em agosto, quando novas judicializações reduziram o impacto da legislação mais rígida contra distribuidoras inadimplentes. Apesar disso, a instituição financeira destaca que a forte venda de biocombustíveis manteve elevada a oferta de CBios no mercado — o que continua pressionando os preços.
O relatório destaca que o desempenho do etanol foi mais resiliente do que o esperado. A projeção do banco é de que as vendas do biocombustível caiam apenas 2% em 2025 frente a 2024, com aumento da participação do etanol de milho, que deve atingir 29% no próximo ano (ante 23% em 2024).
Com isso, o Itaú BBA revisou suas estimativas para cima: a geração de CBios a partir do etanol deve chegar a 34 milhões de créditos em 2025. Somando-se a produção de biodiesel — impulsionada pelo início do mandato do B15 — e o bio-GNV, o total projetado de geração no ano é de 41,9 milhões de CBios, cerca de 1,1 milhão acima da estimativa anterior.
Apesar do aumento nas aposentadorias de créditos, o balanço entre oferta e demanda ainda aponta sobra significativa. O Itaú BBA projeta que, mesmo com o cumprimento total das metas obrigatórias de 2025 (49,5 milhões de CBios), o mercado terminaria o ano com um excedente de até 9 milhões de créditos.
Considerando o cenário mais provável — com parte das distribuidoras permanecendo inadimplentes — o estoque final seria de 16,4 milhões de CBios. “Fica claro que existe um excedente de CBios, além de qualquer inadimplência”, afirma o relatório.
Preços e volume negociado
Os preços médios do ano-meta 2025 estão em R$ 63,3/CBio, 22% abaixo do observado em 2024. O volume negociado na B3 em setembro somou 8,58 milhões de créditos, um aumento de 45% em relação ao mês anterior e em linha com setembro do ano passado. No acumulado do ano, as negociações totalizam 63,2 milhões de CBios — queda de 3% frente a 2024.
No lado das emissões, foram 3,44 milhões de créditos emitidos em setembro, 12% acima do mesmo mês de 2024. No acumulado até setembro, a emissão totalizou 31,79 milhões de CBios, 3% acima do registrado no mesmo período do ano passado.
Para o ano-meta 2026, o Itaú BBA estima um crescimento de 7% na geração de CBios, alcançando 44,7 milhões de créditos. A demanda, por sua vez, deve se manter próxima da meta de 48,1 milhões, com aumento esperado dos “descontos de meta” nos contratos de longo prazo — de 1,5 milhão em 2024 para 3 milhões em 2026.
Essa configuração, segundo o relatório, tende a manter o mercado em equilíbrio, com preços dos CBios permanecendo em níveis relativamente baixos.