A safra 2024/25 apresentou diferenças expressivas na produtividade da cana-de-açúcar entre as regiões do Brasil. Segundo análise do Programa Cana do Instituto Agronômico (IAC), a média de TCH5 — que considera os cinco primeiros cortes da lavoura, eliminando o efeito do estágio médio de corte — variou de 87,9 t/ha em Piracicaba (SP) a 61,3 t/ha em nos estados da região Norte-Nordeste, exceto Alagoas, uma diferença de 26,6 toneladas por hectare (43%).
De acordo com Rubens L. do C. Braga Junior, pesquisador do IAC que conduziu a análise, as maiores produtividades na Centro-Sul foram observadas em regiões tradicionais de São Paulo, como Piracicaba e Ribeirão Preto e, também, nos estados de Minas Gerais e em Goiás. Já os menores resultados ficaram concentrados em estados do Nordeste, no estado do Paraná.e nas regiões paulistas de Araçatuba e Jaú. As demais regiões apresentaram resultados intermediários para a produtividade, variando de 70 a 78 em TCH5.
O levantamento, que reuniu dados de 244 unidades produtoras (62% da moagem nacional), apontou uma média nacional de 77 toneladas de cana por hectare (TCH) e 10,4 toneladas de ATR por hectare (TAH).
O estudo também analisou o TAH5, indicador que expressa a produtividade em açúcar. As regiões com melhor desempenho em TCH mantiveram a vantagem, com a região de Piracicaba alcançando a primeira posição com TAH5 igual 12,2, seguida da região de Ribeirão Preto (12,0).. Já em termos da qualidade da cana, a região de Jaú (SP) registrou o maior índice de ATR5 (138,9), seguida de perto por Ribeirão Preto (138,6) e Piracicaba (138,5) alcançaram as primerias posições.
Decaimento de produtividade e idade das variedades
Outro indicador relevante, o Q% médio — que expressa a taxa de queda de produtividade entre os estágios de corte — mostrou comportamento distinto. Regiões de baixo TCH médio tiveram decaimento inferior a 10%, enquanto as de melhor desempenhoregistraram quedas superiores a 13%. Vale destacar o comportamento distinto do decaimento da produtividade no estado do Paraná (15%), que talvez seja o principal motivo para a sua baixa produtividade média.
O Índice de Liberação Varietal (ILV) mostrou que as regiões mais produtivas utilizam variedades mais recentes, com tempo médio aproximado de 13 anos após a liberação comercial.
Influência do clima e do ambiente de produção
Braga Junior ressalta que a interação entre clima, solo e variedade explica boa parte das diferenças. “Áreas com maior regularidade hídrica e solos mais profundos, como no Nordeste Paulista e no Triângulo Mineiro, sustentam produtividades mais estáveis”, explicou.
Em contrapartida, regiões com solos arenosos e menor retenção de água, como Araçatuba (SP) e os estados da região Nordeste — classificadas no relatório como de ambiente “Médio” a “Ruim” —, sofreram mais com a irregularidade das chuvas. Essa condição edafoclimática explica a significativa diferença de produtividade observada.
A análise confirma que as variações locais são expressivas e reforçam a necessidade do planejamento varietal e do manejo específico por ambiente de produção. Isso se expressa claramente na comparação da empresa campeã nacional e a média geral das empresas que apresentou uma diferença de 57% em TAH5, o que demonstra a importância do manejo estratégico.
Natália Cherubin para RPAnews