Eu sei, resposta clássica de agrônomo, mas, é verdade. Depende de quanto se gasta. E por quanto se vende. É o raciocínio clássico de “relação de troca” muito utilizado nos grãos, mas, ainda tímido na cana.
Sim, pode reparar. Enquanto indivíduos que trabalham com soja, sejam produtores ou empresas de tecnologia, em geral, utilizam “sacas” para quantificar as coisas, inclusive, os custos de produção. Os de cana ainda ficam presos na cultura do “R$/ha”. Que é uma unidade de medida importante, mas, que pouco releva sobre eficiência (ou a necessidade dela).
Diante deste contexto, no quadro que segue a postagem, procurei relacionar as principais relações comerciais de cana-de-açúcar, bem como os respectivos custos de produção, para encontrar os pontos de equilíbrio em termos de produtividade. Ou seja, o “confronto” de quanto se gasta, por quanto se vende. Foram elencados 4 modelos de negociação:
i) Consecana: clássico ou “seco” (como chamam no mercado), sem qualquer adicional de preço;
ii) Consecana + “X%”: adiciona-se percentual em cima do preço. Selecionei 5 e 10% para exercício;
iii) Consecana + “X kg/t”: muito parecido com o anterior, porém, em vez de um adicional em percentual, é estabelecido um valor adicional em kg de ATR/t. Para fins de exercício, trabalhei com 5 e 10 kg/t adicionais;
iv) ATR Fixo: como o próprio termo sugere, o valor do ATR é previamente negociado, estabelecido “em campo” o quanto será pago. Fiz questão de colocar o termo campo entre aspas, pois, a negociação vale para a cana “em pé”. Ou seja, a responsabilidade da colheita e, portanto, dos custos desta etapa, é de quem compra. Neste sentido, se você observar a linha de custos do CTTA* neste modelo, estão todos zerados. Fui mais generoso nesta análise e trabalhei com um intervalo de 95 kg/t a 160 kg/t (sim, o extremo para cima vez ou outra aparece no mercado de cana spot).
Sobre os custos de produção, utilizei valores de referência do Pecege Consultoria e Projetos para o centro-sul canavieiro. E o referencial de preço do Consecana/SP, também é do Pecege. No caso, uma previsão para esta safra. Que aliás, é atualizada todo mês. Para ter acesso é só acessar nosso time e procurar pelo Radar de Mercado (sim, momento jabá).
Bom, voltando no inicio da publicação: quanto de cana preciso produzir para pagar o custo? Depende… Olha na última linha do quadro. O bom é que você agora sabe explicar isso na cana.
*João Rosa, o Botão é engenheiro agrônomo e sócio-diretor do Pecege Consultoria e Projetos