A moagem no Centro-Sul atingiu 576 milhões de toneladas ao final da primeira quinzena de novembro, queda de 1,3% em relação ao ciclo anterior, segundo o boletim da FG/A. Com mais de 95% da safra 2025/26 concluída e 180 unidades já encerradas, o setor avança para uma safra robusta em oferta de matéria-prima. A qualidade da cana continua em recuperação, com ATR médio de 142 kg por tonelada na quinzena, 6% acima do observado no mesmo período do ano passado.
O mix produtivo, porém, sofreu ajuste significativo: a participação do açúcar caiu para 38,6% na primeira quinzena, recuo de 5%. frente ao ano anterior e de 9,6%. nas últimas duas quinzenas. A mudança foi motivada pela forte queda nas cotações internacionais ao longo de novembro, quando os preços atingiram a mínima anual no dia 11 antes de alguma recuperação nas semanas seguintes. A pressão veio principalmente do início acelerado da safra indiana, que alcançou 4,1 milhões de toneladas até o fim de novembro, alta de 51% frente ao ciclo anterior, conforme dados da Federação Nacional das Fábricas de Açúcar da Índia.
No acumulado da safra, segundo a FG/A, a produção de açúcar do Centro-Sul soma 39,179 milhões de toneladas, alta de 2,1% sobre 2024/25. Já o mix alcooleiro ganha força e deve influenciar o comportamento das cotações nos próximos meses. A FG/A aponta que a consolidação das expectativas de maior produção na Índia e na Tailândia, somada à incerteza sobre o mix inicial do Centro-Sul em 2026/27, tende a manter os preços do adoçante sensíveis ao ritmo da moagem e ao direcionamento industrial. Caso o início do próximo ciclo confirme maior foco no etanol por causa dos estoques mais baixos, há espaço para recuperação das cotações. Entretanto, uma moagem mais robusta ou eventuais reduções no preço da gasolina pela Petrobras podem limitar esse movimento ao reduzir o prêmio do açúcar frente ao biocombustível.
Etanol ultrapassa R$ 3,60/l e mantém firmeza apesar do mix mais alcooleiro
No mercado de etanol, novembro foi marcado por valorização mesmo com o redirecionamento da produção. Segundo o CEPEA, o hidratado subiu 3,5% no mês, alcançando R$ 3,60/l em Paulínia (valor bruto ao produtor). O resultado é sustentado por um consumo ainda elevado ao longo do ano.
A produção total de etanol deve encerrar a safra com queda de 4%, enquanto as vendas acumuladas até meados de novembro recuaram apenas 2% frente ao ciclo anterior, indicando oferta mais restrita para o fim da temporada. No mercado final, o consumo de combustíveis do ciclo Otto cresceu 2,1% até outubro. Os preços líquidos ao produtor do etanol fecharam em R$ 2,99/l em 5 de dezembro, com alta mensal de 3,5%. Na bomba, o etanol paulista foi comercializado a R$ 4,18/l (+2,2%), enquanto a gasolina C subiu 0,3%, levando a paridade para 69,1%.
Outro ponto de atenção é a defasagem entre o preço doméstico da Petrobras e a paridade internacional. Em 8 de dezembro, o valor externo estava R$ 0,20/l abaixo do praticado pela estatal, reacendendo expectativas sobre possíveis ajustes de preços e seus desdobramentos na competitividade do etanol.
Natália Cherubin para RPAnews

