Os preços do açúcar voltaram a recuar no mercado internacional, pressionados pela forte queda do petróleo e por um cenário de aumento expressivo da oferta global. O contrato do produto bruto com vencimento em março de 2026 caiu 0,13 centavo, ou 0,9%, a 14,82 centavos de dólar por libra-peso. O açúcar branco, por sua vez, caiu 0,8%, para US$ 423 por tonelada.
O WTI atingiu o menor patamar em quase cinco anos, reduzindo a competitividade do etanol e reforçando a tendência de maior direcionamento da cana para a produção de açúcar, o que amplia a disponibilidade do adoçante no mercado.
O movimento baixista ganhou força após dados da Índia indicarem aceleração significativa da produção. Segundo a Associação das Usinas de Açúcar da Índia (ISMA), a produção indiana entre 1º de outubro e 15 de dezembro somou 7,8 milhões de toneladas métricas, crescimento de 28% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No Brasil, o cenário também reforça a pressão sobre os preços. A Conab elevou, em novembro, sua estimativa para a produção de açúcar na safra 2025/26 para 45 milhões de toneladas. Dados mais recentes da Unica mostram que a produção acumulada no Centro-Sul até novembro alcançou 39,904 milhões de toneladas, alta de 1,1% na comparação anual. Além disso, a participação da cana destinada à produção de açúcar subiu para 51,12% na safra 2025/26, ante 48,34% no ciclo anterior.
As projeções globais reforçam o viés baixista. A Organização Internacional do Açúcar (ISO) passou a projetar um superávit mundial de 1,625 milhão de toneladas em 2025/26, revertendo o déficit de 2,916 milhões de toneladas registrado em 2024/25. A entidade atribui esse excedente ao aumento da produção na Índia, Tailândia e Paquistão, além de estimar crescimento de 3,2% na produção global, para 181,8 milhões de toneladas. A trading Czarnikow, por sua vez, elevou sua estimativa de superávit global para 8,7 milhões de toneladas na safra 2025/26.
Na Índia, além da revisão para cima da produção total, a ISMA reduziu a estimativa de açúcar destinado à produção de etanol para 3,4 milhões de toneladas, ante 5 milhões de toneladas previstas anteriormente. A mudança pode abrir espaço para maior volume de exportações, ampliando ainda mais a oferta no mercado internacional e adicionando pressão adicional sobre os preços do açúcar.
Com informações da Barchart

