Os preços do açúcar seguem em queda e atingiram nesta segunda-feira (27) o menor patamar em quase cinco anos, refletindo sinais de maior produção no Brasil e projeções de excedente global.
De acordo com a Unica, a produção de açúcar no Centro-Sul do Brasil alcançou 3,137 milhões de toneladas na segunda quinzena de setembro, um aumento de 10,8% em relação ao mesmo período do ano passado. O mix de produção também foi mais açucareiro, com 51,17% da cana destinada ao açúcar, frente a 47,73% no mesmo período de 2024. No acumulado da safra 2025/26 até setembro, a produção soma 33,524 milhões de toneladas, alta de 0,8% sobre a anterior.
Na bolsa de Nova York, o primeiro contrato do açúcar bruto fechou em queda de 0,51 centavo de dólar, ou 3,4%, a 14,46 centavos de dólar por libra-peso, após tocar a mínima de 14,34 centavos — menor nível desde dezembro de 2020.
As expectativas de maior oferta também pesam sobre as cotações. A consultoria Datagro projeta que a safra 2026/27 no Centro-Sul poderá chegar a um recorde de 44 milhões de toneladas de açúcar, avanço de 3,9% frente à atual. Globalmente, o Grupo BMI estima um excedente de 10,5 milhões de toneladas em 2025/26, enquanto a Covrig Analytics projeta um superávit de 4,1 milhões no mesmo período.
Contexto de mercado
Segundo o analista Arnaldo Corrêa, diretor da Archer Consulting, o pessimismo recente no setor está ligado às estimativas elevadas de produção, mas ainda há incertezas. Ele observa que o mercado costuma surpreender diante de previsões feitas com muita antecedência, lembrando que a safra 2023/24 superou em quase 40 milhões de toneladas as projeções iniciais. Além disso, Corrêa aponta que os fundos mantêm uma posição vendida expressiva, próxima a 200 mil contratos, o que pode levar a movimentos de recompra e eventual recuperação dos preços.
Para o analista, a pressão atual não elimina riscos futuros. “Preços muito baixos tendem a comprometer investimentos em tratos culturais e insumos, abrindo espaço para quebras em safras seguintes”, destacou.
