Conecte-se conosco
 

Mercado

Alta do etanol nos postos reduz consumo e diminui vendas das usinas, diz Unica

Publicado

em

A perda de competitividade do etanol frente à gasolina está alterando a dinâmica do mercado de combustíveis. O reflexo é sentido nas usinas de cana-de-açúcar, que registraram vendas menores do combustível, de acordo com dados divulgados pela Unica, entidade que representa as unidades produtoras de açúcar e etanol no centro-sul do Brasil.

De acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar, desde o início da safra 2021/2022, em primeiro de abril, até a primeira quinzena de novembro, o volume vendido pela usinas foi de 17,91 bilhões de litros, retração de 6,37% em comparação com o mesmo período na safra 2020/2021: 1,04 bilhão de litros exportados (queda de 46,57%) e 16,87 bilhões no mercado interno (queda de 1,83%).

“A perda de competitividade econômica do etanol hidratado tem promovido redução no consumo do renovável e já equacionou o equilíbrio de oferta e demanda”, diz o diretor técnico da entidade, Antonio de Pádua Rodrigues, em relatório quinzenal da Unica referente à primeira metade do mês.

Etanol ficou menos competitivo em relação à gasolina para o consumidor. Usinas veem queda na demanda pelo hidratado, o que tem pressionado os preços ao produtor (Foto: Max Pixel/Creative Commons)

Etanol ficou menos competitivo em relação à gasolina para o consumidor. Usinas veem queda na demanda pelo hidratado, o que tem pressionado os preços ao produtor (Foto: reprodução)

O etanol nos postos de combustível é considerado competitivo quando seu preço na bomba do posto de combustível for correspondente a 70% do valor da gasolina. Desta forma, os valores praticados pelo biocombustível na ponta consumidora ficam atrelados às oscilações do preço do derivado de petróleo, que tem subido, em função da política de mercado da Petrobras.

Entre os dias 7 e 13 de novembro, os preços médios do etanol subiram em 21 estados e no Distrito Federal, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Nos postos, a alta média foi de 1,89% no período, em comparação com o anterior, passando de R$ 5,294 para R$ 5,394 o litro. Em São Paulo, maior produtor e consumidor do combustível, o aumento foi de 2,12%, com média de R$ 5,256 o litro.

Enquanto isso, nas usinas, o valor pago pelo biocombustível tem caído pelo menos nas últimas três semanas, de acordo com o diretor da Unica. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indica que a retração dos valores ao produtor está até mais acentuada. Só na semana passada, a média praticada na indústria de São Paulo foi de R$ 3,6563 o litro de etanol hidratado, 4,03% a menos que na semana anterior.

Em boletim de mercado divulgado nesta semana, os pesquisadores do Cepea apontam o baixo volume de negócios como um dos fatores de pressão sobre os valores negociados pelo biocombustível.

“Além da sequência de poucos negócios sendo realizados no spot paulista, devido à baixa participação de compradores, a desvalorização do petróleo nas últimas semanas e a apreensão quanto a possíveis repasses por parte da Petrobrás influenciaram os recuos nos preços”, diz a nota.

O anidro segue a tendência, ainda que em menor intensidade. O indicador do Cepea, também com base no mercado de São Paulo, teve média semanal de R$ 4,3723 o litro entre os dias 15 e 19 de novembro. O valor é 1,30% inferior ao registrado na semana anterior.

Em seu relatório quinzenal referente à primeira metade de novembro, a Unica ressalta que os preços do anidro estão vinculados aos do hidratado. “Essa condição indica que o aditivo pode contribuir para a redução do preço da gasolina e, em termos de volume, temos condição de atender a migração para o consumo de gasolina com os estoques de anidro nos produtores, com a produção a ser realizada até março e com a importação do biocombustível que vem sendo observada”, diz Antonio de Pádua Rodrigues.

Segundo a Unica, do total de etanol comercializado no mercado interno desde o início da safra 2021/2022, 6,40 bilhões de litros foram de anidro, que atende a demanda de mistura na gasolina, alta de 20,46% em relação ao ciclo passado. Outros 10,48 bilhões de litros foram de etanol hidratado, que abastece diretamente os veículos, queda de 11,8%.

Cadastre-se e receba nossa newsletter
Continue Reading
Publicidade