Os resultados obtidos na safra 2019/20 de cana-de-açúcar em termos de produtividade agrícola e de ATR já foram melhores na avaliação do presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Rocha, e apesar dos problemas climáticos em 2019, são boas as expectativas para a próxima safra 2020/21, que se inicia em abril.
Rocha, que também é presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goias, do Sindicato da Indústria de Fabricação de Açúcar do Estado de Goiás (Sifaeg/Sifaçúcar), lembra que as empresas continuam alavancadas e o endividamento do setor não diminuiu se comparado o ano de 2018 com 2019.
“Não diminuiu porque as empresas acabaram investindo mais em 2019, então esse é o lado positivo. Precisamos de uns cinco bons anos para que as empresas possam se adequar e fazer os investimentos necessários em eficiência, melhorar sua produção e produtividade e ao mesmo tempo, reduzir o seu comprometimento financeiro”, afirmou.
Apesar da redução da Taxa Selic (taxa básica) as taxas de juros não caíram, cita Rocha lembrando que há empresas com alto grau de endividamento e muitas dificuldades, mas, por outro lado, há empresas que já estão bem melhores, com mais fôlego, onde já houve percepção de mudança, com operações de fusões e aquisições, empresas aumentando sua capacidade de produção. “O animo já começou a mudar. Com a queda do juro, haverá crédito disponível para as empresas buscarem o aumento de eficiência necessário”.
Nos últimos dois anos, comentou, aumentou a desigualdade do setor. “Quem estava bem, já estava buscando eficiência, tinha feito o dever de casa e tinha acesso a crédito, que representa um terço das unidades industriais do setor no Brasil, já está bem melhor. Mas, quem estava mal, continua praticamente do mesmo jeito”, disse citando, entretanto, que já visualiza um inicio de recuperação, com algumas empresas saindo da recuperação judicial.
Na visão do presidente do Fórum, há três situações que têm influenciado o cenário do setor sucroenergético no Brasil. A principal é o RenovaBio, “uma espécie de Proálcool moderno que vai mudar uma série de paradigmas”, que está cumprindo seu cronograma, com várias unidades já finalizando sua certificação.
Mas Rocha aposta também no aumento da produção do etanol de milho, que deve permitir a produção de etanol o ano todo, otimizando a estrutura e devolvendo ao Brasil sua condição de protagonista no segmento, acabando com os estresses das entressafras e mudando o mercado nos próximos anos. Diante das expectativas geradas pelo RenovaBio, a terceira situação que tem sido determinante para o setor são os investimentos feitos pelas usinas no aumento de sua eficiência e da produtividade, o que deve alavancar a produção.
Rocha elogiou a atuação dos ministros do Meio Ambiente e da Agricultura e Abastecimento, Ricardo Salles e Tereza Cristina, “que mostram conhecer o setor, o que tem facilitado a interlocução com o governo”. Falou sobre os ajustes e reformas que vêm sendo feitos nos estados e no governo federal e na expectativa de que isso resulte no reaquecimento da economia brasileira.
