Apesar de ter registrado prejuízo líquido de R$ 206,74 milhões em 2023/24, a Uisa (antiga Usinas Itamarati), apontou bons resultados de produção e de redução de emissão de gases do efeito estufa.
A companhia, que além de produzir açúcar e etanol, também investe em energia renovável e levedura para nutrição animal, apresentou os números da temporada em seu relatório de sustentabilidade, disponibilizado nesta semana.
Entre os resultados, o relatório afirma que a Uisa processou 6 milhões de toneladas de cana em 2023/24, uma alta de 16,2% em relação à safra anterior. Assim, foram produzidas 6,4 milhões de sacas de açúcar e 273 milhões de litros de etanol, um recorde para a companhia.
Desta forma, a receita da Uisa cresceu 5,5% no período, para R$ 1,58 bilhão. Além disso, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 649,1 milhões.
Foram destacados no relatório avanços em meta de descarbonização, agricultura regenerativa, transição energética, economia circular, gestão de resíduos e recursos hídricos, inclusão e
qualificação de pessoas, políticas de compliance, resultados financeiros, entre outros temas e compromissos.
“Os resultados desta safra refletem nosso compromisso em unir eficiência operacional, sustentabilidade e inovação. Estamos orgulhosos de alcançar marcos históricos em produção e, ao mesmo tempo, avançar em nossas iniciativas ESG, demonstrando que é possível crescer de forma responsável e sustentável”, relata o CEO da Uisa, José Fernando Mazuca Filho.
Emissões de carbono
Em relação às emissões de carbono, a companhia conseguiu reduzir em 48,1% as toneladas de CO2 liberadas em comparação com o ano passado, como “resultado de iniciativas de reflorestamento, aplicação de insumos biológicos no cultivo da cana, utilização de fontes de energia renováveis, entre outras práticas sustentáveis”, afirma.
A usina é autossuficiente, operando com energia própria, a base de biomassa de cana. Assim, em 2023 a companhia conseguiu neutralizar o escopo 2 do inventário de GEE (consumo de energia). Na temporada 2023/24, a Uisa aumentou sua eficiência energética em 78,6%, ao expandir sua a capacidade para 100 mil MWh ao ano – o excedente é comercializado externamente.
Entre as ações, a companhia destaca o estudo de viabilidade para armazenar permanentemente no subsolo o CO₂ biogênico liberado durante a fermentação alcoólica e a utilização de uma plataforma de inteligência artificial para a quantificação e monetização do carbono estocado no solo nas lavouras de cana-de-açúcar, que utiliza a tecnologia LIBS (Laser Induced Breakdown Spectroscopy). “Estamos comprometidos em ser protagonistas na transição para uma economia de baixo carbono. Nossos esforços em descarbonização, como o uso de biotecnologia, tecnologias de captura de carbono, reflorestamento e a geração de energia limpa, mostram que é possível aliar crescimento econômico à preservação do meio ambiente, contribuindo ativamente para o enfrentamento das mudanças climáticas”, detalha Mazuca.
Além do etanol, a Uisa também está investindo em sua primeira planta de biogás. A joint venture com a Geo Biogás vai atuar na transformação da biomassa vinda do processamento de cana-de-açúcar, milho e outros cereais em biogás e biometano, que são fontes de energia limpas e renováveis. Segundo a companhia, uma das metas é garantir o abastecimento da sua frota canavieira com biometano até 2028.
Iniciativas sociais
Segundo o relatório, a Uisa encerrou a safra com cerca de 3 mil trabalhadores. De acordo com o texto, a companhia vem realizando um trabalho para expandir a diversidade no quadro de funcionários: “Para isso, foram criados Bancos de Talentos para vagas afirmativas, para recrutamento de mulheres, pessoas pretas, com idade acima de 50 anos, LGBTQIAPN+ e Pessoas com Deficiência (PcDs)”, reforça.
Durante o período, foram promovidos programas de capacitação e inclusão no mercado de trabalho em diversas áreas, estimulando o crescimento das pessoas e das comunidades onde a Uisa está inserida. Com meta de ampliar a presença feminina em 30% até 2030 em suas operações, a companhia encerrou a safra com 14,74% dos cargos ocupados por mulheres.
No mesmo período, os fornecedores de cana-de-açúcar, representados pela Associação dos Fornecedores de Cana do Vale do Rio Paraguai (Assovale), foram responsáveis por 2,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, ou 37,3% da matéria-prima processada pela companhia.
A Uisa, com o objetivo de acelerar o desenvolvimento sustentável na cadeia de valor, também fomenta o Programa Nossa Cana, que orienta a respeito das certificações RenovaBio e Bonsucro, sobre boas práticas no campo, tecnologias e inovações. Além de auxiliar na gestão de requisitos legais, ambientais, sociais e de governança.
Anualmente, são realizadas auditorias para acompanhamento da evolução e, conforme a pontuação alcançada, os fornecedores são recompensados financeiramente. Por meio deste trabalho, conforme o documento, 100% dos fornecedores se habilitaram no Programa RenovaBio.
“Acreditamos que o desenvolvimento sustentável só é possível com o fortalecimento de toda a nossa cadeia de valor”, ressalta o CEO da companhia.
Resíduos
Segundo o relatório, a companhia realizou investimentos de R$ 26,5 milhões na construção de uma Estação de Tratamento da Água e Lavagem de Gases (ETALG), para reaproveitar os recursos hídricos, alcançando, antes do prazo de 2025, o compromisso de reduzir a captação de água no processo industrial em 12%.
Conforme o relatório, a Uisa é responsável pela conservação de 31 mil hectares de Floresta Amazônica e Cerrado, que abrigam mais de 280 espécies de animais silvestres. Por meio do programa interno Águas de Guanabara, são protegidas 245 nascentes.
