A Atvos, uma das maiores produtoras de biocombustíveis do Brasil, e a NetZero, green tech franco-brasileira especializada em soluções de descarbonização, anunciaram a assinatura de um Memorando de Entendimento (MoU) para instalar uma fábrica de biochar em Caçu (GO), onde está localizada a Unidade Rio Claro da empresa de bioenergia.
O projeto, que prevê investimento estimado em R$ 30 milhões, terá capacidade produtiva superior a 6,5 mil toneladas do insumo por ano, utilizando resíduos da cana-de-açúcar. O biochar melhora a retenção de umidade no solo, reduz a necessidade de fertilizantes e sequestra carbono da atmosfera. A previsão é que as obras comecem em 2025, com início de operação no fim de 2026. A nova unidade deve gerar cerca de 150 empregos diretos e indiretos.
O empreendimento contará com a tecnologia NetZero One, sistema industrial da startup franco-brasileira, que já opera em Minas Gerais e Espírito Santo e conquistou, em abril deste ano, o prêmio XPRIZE Carbon Removal, promovido pela Fundação Musk, em Nova Iorque.
Compromisso climático
Segundo Bruno Serapião, CEO da Atvos, a iniciativa reforça a estratégia da companhia de ampliar soluções de baixo carbono.“O biochar pode sequestrar mais de 12 mil toneladas de CO₂ por ano, além de melhorar a eficiência no uso de fertilizantes. Esse é mais um passo para mostrar que o etanol da cana pode se tornar um dos biocombustíveis com menor pegada de carbono do mundo, com potencial até de emissões negativas”, afirmou.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, destacou o ambiente favorável do estado para novos investimentos.“Nosso compromisso é ampliar conquistas, investir em inovação, infraestrutura e qualificação da mão de obra, garantindo que Goiás continue sendo referência em desenvolvimento e qualidade de vida”, disse.
Já Pedro de Figueiredo, cofundador da NetZero e CEO da operação brasileira, ressaltou o pioneirismo do projeto.“É a primeira vez que o biochar será implementado em escala industrial no setor sucroenergético. A união da nossa tecnologia premiada com a expertise da Atvos cria um modelo competitivo, sustentável e inovador, com potencial de se tornar referência mundial em agricultura de baixo carbono.”
Testes e processo produtivo
Os primeiros testes em lavouras de cana da Unidade Rio Claro já estão em andamento para avaliar desempenho e manejo do biochar. Obtido por pirólise — processamento térmico de biomassas residuais em circuito fechado e sem oxigênio —, o material é altamente poroso, contribui para a saúde do solo e armazena carbono por centenas ou até milhares de anos.
Além de sequestrar CO₂, a produção é circular: utiliza bagaço e palha da cana, evita que esses resíduos sejam queimados ou descartados, e ainda gera energia renovável suficiente para tornar o processo autossustentável.
A Atvos mantém três unidades em Goiás: Morro Vermelho (Mineiros), Água Emendada (Perolândia) e Rio Claro (Caçu). Juntas, respondem por mais de 11 milhões de toneladas de cana moídas por safra, produção de cerca de 1 bilhão de litros de etanol e cogeração de 1,3 GWh de energia elétrica. A empresa gera mais de 2,8 mil empregos diretos e 8,6 mil indiretos no estado.
Em abril, a companhia também anunciou parceria com a startup japonesa Tsubame BHB para construir em Mineiros uma fábrica de amônia aquosa verde, capaz de substituir fertilizantes nitrogenados fósseis. A estimativa é evitar a emissão de 11 mil toneladas de CO₂ por ano.