Agrícola
BP Bunge quer chegar em 2025 com 70% da área irrigada
O Centro-Sul do Brasil, principal área produtora de cana-de-açúcar, enfrentou um longo período de estiagem entre 2020 e 2021. Foi a pior seca em 90 anos, o que acelerou o processamento pelas usinas em meio a uma quebra de safra no ano passado.
A BP Bunge, uma dos maiores grupos sucroenergéticos do Brasil, conseguiu amenizar esse impacto climático graças à localização das nossas 11 unidades agroindustriais (São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins). De acordo com Mário Dias Filho, gerente Corporativo de Desenvolvimento Agronômico da BP Bunge Bioenergia, essa distribuição geográfica com situações climáticas diferentes fez com que o impacto de toda essa seca não fosse tão intenso.
“Infelizmente, esse cenário adverso trouxe reflexos nos índices de produtividade para todo o setor. O relatório da Unica, por exemplo, mostrou queda de produtividade de 1,26%, praticamente o mesmo patamar percentual do ATR médio da BP Bunge”, disse à RPAnews.
Para lidar com essa adversidade, a BP Bunge Bioenergia, uma das maiores processadoras de cana-de-açúcar do Brasil, está ampliando suas ações para reduzir os impactos gerados pelo clima. Uma das soluções é o manejo de mitigação de déficit hídrico, que minimiza a exposição dos canaviais à falta de água e voltado principalmente às plantações com raízes menos desenvolvidas.
Em linhas gerais, o projeto consiste em promover uma organização da colheita a partir de critérios técnicos e operacionais. Na prática, diversos parâmetros são analisados com intuito de aumentar a produtividade dos canaviais. A avaliação técnica considera os ambientes de produção com opção de colheita nas áreas de maior restrição hídrica.
Dias Filho explica que o projeto de mitigação de déficit hídrico contempla a expansão de irrigação e fertirrigação (sem vinhaça localizada), auxiliando na brotação e melhora do ciclo produtivo. Na BP Bunge, a vinhaça é utilizada de duas formas: por aspersão, com diluição em água (fertirrigação), e aplicação localizada. No entanto, a vinhaça localizada é trabalhada como adubação e não como irrigação.
“Em 2019, cerca de 20% da nossa área tratada era irrigada. Para a safra 2022/23, a expectativa é de que a aplicação de água ou vinhaça (fertirrigação) alcance cerca de 60% da área tratada dos 300 mil hectares próprios.”
A BP Bunge tem direcionado investimentos para irrigação nas formas de aspersão, pivô e gotejamento. “Quanto mais irrigação tivermos, menor será a exposição a variações climáticas. Nossa meta é chegar em 2025 com 70 % da área tratada com irrigação, seja ela por salvamento com água ou vinhaça via aspersão (50%) e 20% suplementar via pivô ou gotejamento.”
Contudo, o uso desse recurso deve ser feito de forma consciente, segundo Dias Filho. A irrigação ajuda a amenizar a exposição a variações climáticas. No entanto, ele diz que a irrigação não pode ser considerada como a única solução, afinal, é um recurso natural e que deve ser aplicado de forma racional. Para que a captação de fontes externas seja menor e com finalidades bem específicas para irrigação, diversas etapas da operação industrial e agrícola fazem reuso da água nas 11 unidades da BP Bunge.
“O uso racional de água e a qualidade dos recursos hídricos, aliás, integram os compromissos sustentáveis da empresa, presentes nas metas ‘Nossos Compromissos 2030′”, destaca Dias Filho.
A irrigação nas usinas da BP Bunge é utilizada de forma complementar à outras práticas que auxiliam o aumento da produtividade. Uma delas é a organização da colheita a partir de critérios técnicos e operacionais, que permite priorizar a colheita em solos mais fracos, colocando os solos mais estruturados mais à frente.
“Além do manejo de colheita e da irrigação, outras práticas são utilizadas constantemente para promover o crescimento das raízes, como, por exemplo, incorporação de matéria orgânica, rotação de cultura, aplicação de adubo organomimeral, fertilizantes foliares e estimuladores de desenvolvimento”, adiciona Dias Filho.
Por Natália Cherubin
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