A Cerradinho Bio moeu no acumulado da safra 2024/25, 4,8 milhões de t de cana-de-açúcar, um crescimento de 1,9% em relação ao mesmo período da safra anterior. Segundo o mais recente relatório divulgado pela companhia, esse aumento foi impulsionado pelo maior aproveitamento do tempo operacional, que foi favorecido pela redução de paradas e pela escassez de chuvas, um fator que contribuiu para uma das maiores secas da região no período. A moagem foi composta por 41% de cana própria e 59% de cana de terceiros.
Apesar do aumento no volume moído, a produtividade agrícola da CerradinhoBio apresentou uma queda de 3,3% no comparativo com a safra passada. O TCH (Toneladas de Cana por Hectare) recuou de 88,9 t/ha para 86 t/ha, reflexo da seca que afetou várias frentes de colheita. Por outro lado, o TAH (Toneladas de ATR por Hectare) teve uma leve alta de 1,0%, passando de 11,8 t/ha para 12 t/ha, indicando que a qualidade do ATR, o principal composto para a produção de etanol e açúcar, foi mantida, apesar das condições climáticas adversas.
A produção de etanol da CerradinhoBio no período foi de 337 mil m³, o que significa uma queda de 17,1% frente ao mesmo período da safra anterior. Esse declínio é explicado, segundo a companhia, pela maior priorização da produção de açúcar, que iniciou suas operações em julho deste ano, conforme anunciado pela empresa. Embora o volume de etanol tenha sido inferior, a eficiência industrial e o menor volume de chuvas ajudaram a manter a produção em níveis adequados para atender à demanda de etanol, com a capacidade de moagem ajustada de acordo com a demanda para os dois produtos.
No terceiro trimestre de 2024/25, a CerradinhoBio iniciou a produção de açúcar VHP (Very High Polarization), com um total acumulado de 141 mil toneladas até setembro. No trimestre, foram produzidas 42 mil toneladas do produto, consolidando a estratégia da empresa em diversificar a produção e explorar novos mercados.
O desempenho na safra 2024/25 até o terceiro trimestre reflete, segundo a companhia, resiliência frente a condições climáticas desafiadoras, como a seca que impactou a produtividade agrícola. A companhia afirma que seguiu sua estratégia de diversificação, com a introdução da produção de açúcar VHP e ajustes na produção de etanol e energia elétrica. Apesar da queda na produção de etanol, a CerradinhoBio conseguiu manter a eficiência industrial e gerar resultados positivos, especialmente em energia elétrica, um dos pilares de sua operação.
No setor de energia elétrica, a CerradinhoBio manteve a estratégia da safra anterior, ajustando a produção de energia para atender à demanda interna e parcial para contratos de exportação. Durante o terceiro trimestre, o volume exportado para a rede elétrica e para a Neomille foi 15,2% inferior ao mesmo período de 2023, mas o fornecimento de energia e vapor para a unidade de etanol de milho cresceu 2,9%, refletindo a evolução do segmento de biocombustíveis.
Vendas de etanol, açúcar e energia da cana
No segmento de etanol, a receita líquida consolidada sofreu uma redução de 28,4%, impactada pelo aumento da produção de açúcar. No entanto, o preço médio do etanol hidratado teve uma leve melhoria de 1,6%, subindo de R$ 2.478/m³ para R$ 2.518/m³. Segundo a companhia, a produção de açúcar teve início em julho, com o faturamento começando a ser registrado a partir de agosto, não refletindo, portanto, o trimestre completo. Nesse período, a receita alcançou R$ 324 milhões, com um preço médio de R$ 2.317 por tonelada.
O volume total de energia elétrica vendida aumentou 10,1% em comparação com o mesmo período da safra anterior. Esse crescimento contribuiu para uma receita líquida de R$ 115 milhões, o que representa um aumento de 25,6%. Esse resultado foi impulsionado por uma elevação de 14,1% no preço médio líquido da energia.
Volume processado de milho teve alta de 82,6%
No milho, o volume moído apresentou um incremento de 82,6% em relação à safra anterior, reflexo principalmente do início da operação da nova planta em Maracaju, MS a partir de janeiro/24, que contribui com 452 mil toneladas nos nove meses da presente safra.
Nos nove meses da safra, foram produzidos 499 m3 de etanol, sendo 376 mil m3 de hidratado e 122 mil m3 de anidro. Convertendo o etanol anidro para etanol hidratado equivalente, a produção foi de 504,3 m3 . “O crescimento de 86,6% no comparativo entre as safras reflete o melhor rendimento do negócio milho (437,4 L/t na SF 23/24 para 452,3 L/t na SF 24/25), e a nova unidade em Maracaju”, afirmou a companhia em relatório de resultados.
Lucro líquido teve alta de 111%
O resultado financeiro líquido nos 9M 24/25, desconsiderando os efeitos do IFRS 16, totalizou uma despesa de R$ 290 milhões, contra uma despesa de R$ 139,3 milhões em relação ao mesmo período anterior. A variação é explicada, principalmente, pelo aumento do endividamento líquido da empresa e pela menor capitalização de juros em R$ 66,4 milhões dado a ativação da planta de etanol de milho de Maracaju-MS.
O lucro líquido consolidado da Companhia nos 9M 24/25 totalizou R$ 182,8 milhões, aumento de 111,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Este crescimento decorre da melhora do resultado dos coprodutos (DDGs, energia e óleo), e da entrada em operação do açúcar que já trouxe resultado positivo. Se descontados os efeitos da adoção do IFRS 16, o lucro líquido totalizou R$ 203,5 milhões.
A Cerradinho registrou um endividamento líquido crescendo 45% ao final de dezembro/24 quando comparado a 31 de março/24. Esse aumento, segundo a companhia em relatório, é fruto principalmente dos investimentos em expansão, em especial a fábrica de açúcar, que entrou em operação em julho e pelo aumento 108% dos estoques no período, fruto da estratégia de comercialização da Companhia. “Importante reforçar que 100% do endividamento da empresa está referenciado em moeda local, com 89% do endividamento bruto no longo prazo”, disse companhia.
A Liquidez Ajustada consolidada, que desconsidera os efeitos do IFRS 16, foi de 2,48x em dezembro/24, em comparação a posição de março/24 de 2,20x. Já o indicador de Dívida Líquida por EBITDA Ajustado encerrou setembro de 2024 em um patamar de 2,28x.

Investimentos tiveram queda de 23%
O CAPEX consolidado da CerradinhoBio encerrou os nove meses da safra 2024/25 com uma redução de 23% frente ao mesmo período da safra anterior, explicado principalmente pela redução dos investimentos em expansão. Na linha de Manutenção, o maior valor despendido com tratos culturais deve-se a maior área plantada em relação ao mesmo período do ano passado.
Em melhorias operacionais, o aumento de 200% foi decorrente de aquisição e substituição de novos equipamentos agrícolas e industriais.
Em Modernização/Expansão, a redução de 39%, segundo a companhia, é explicada pela conclusão da nova fábrica da Neomille em Maracaju, sendo que o valor registrado no período corrente é explicado pelos investimentos da 2ª fase da fábrica de açúcar.