O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) poderá convocar uma reunião até o fim do segundo trimestre para decidir sobre o aumento da mistura de etanol na gasolina de 27% para 30%, disseram duas fontes do governo nesta quinta-feira, 20, à Reuters.
Na segunda-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou que o aumento da mistura é tecnicamente viável e que poderia reduzir o preço da gasolina na bomba em até R$ 0,13 por litro, além de tornar o Brasil independente da importação desse combustível.
O cálculo foi feito com base em uma projeção para os preços considerando uma eventual decisão pela mistura em maio, levando em conta o início da safra e uma projeção de queda dos preços do etanol, segundo dados do ministério.
Entretanto, Silveira evitou na ocasião estimar um prazo para a decisão sobre a mistura, uma vez que ela dependeria agora de uma análise dos preços dos alimentos e eventuais impactos na inflação. O tema também impacta a mistura de biodiesel no diesel, que foi mantida em 14% a partir de março, em vez um aumento a 15% conforme previsto anteriormente.
Os preços ao consumidor têm sido uma preocupação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma vez que tem afetado sua popularidade. Ambas as fontes, que falaram na condição de anonimato, avaliam que até o fim deste semestre poderá haver uma redução da pressão sobre o tema dos alimentos, e a pauta sobre o aumento da mistura ficaria mais acessível. “Tecnicamente não faz sentido adiar a decisão (sobre etanol)… inclusive, adiar é ruim para o Brasil”, disse uma das fontes, ressaltando o potencial impacto de queda de preços nas bombas e redução das compras externas.
Cálculos do Ministério de Minas e Energia apontam que a transição do E27 para o E30 evitaria a importação de 760 milhões de litros de gasolina por ano, impulsionando a produção nacional de biocombustíveis. Segundo o ministro, isso representará um aumento de 1,5 bilhão de litros na demanda por etanol e um investimento estimado em R$9 bilhões no setor.
Reuters/Marta Nogueira