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Com o açúcar perto da paridade com o etanol hidratado, produtores devem redirecionar cana para etanol

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Chuvas acima da média atrasaram a colheita e derrubaram a moagem de cana-de-açúcar na principal região produtora do país. A produção de açúcar caiu 15% e parte da cana deve ser redirecionada para etanol, especialmente em estados com incentivos fiscais.

A região Centro-Sul, responsável pela maior parte da produção de cana no Brasil, processou 164 milhões de toneladas na primeira quinzena da safra 2025/26 — uma redução de 14% em relação ao mesmo período da safra anterior, segundo dados mais recentes. O atraso na colheita foi causado pelo excesso de chuvas em abril e no início de junho, o que comprometeu o ritmo das usinas.

Apesar da retração inicial, as precipitações devem contribuir para a recuperação da produtividade nos próximos meses. A projeção de moagem total segue em 615 milhões de toneladas. No entanto, a qualidade da matéria-prima caiu, com menores níveis de ATR (Açúcares Totais Recuperáveis), fator que contribuiu para uma retração de 15% na produção de açúcar até o momento.

De acordo com o último boletim de commodities da FG/A, diante da queda na qualidade da cana e da recente desvalorização internacional do açúcar, que aproximou seu preço da paridade com o etanol hidratado, produtores devem redirecionar parte da matéria-prima para a produção de biocombustível. “Esse movimento deve ser mais forte em estados como Goiás e Mato Grosso, onde há incentivos fiscais para o etanol. Com isso, estima-se uma redução de cerca de 300 mil toneladas na produção de açúcar”, disseram os analistas da FG/A.

No cenário global, mantém-se a perspectiva de superávit na balança comercial do setor, com melhores estimativas de produção na Índia e na Tailândia, beneficiadas por chuvas acima da média e expansão das áreas cultivadas.

Outro fator de pressão sobre o mercado de combustíveis no Brasil é a entrada em vigor do E30 — nova faixa de mistura de etanol anidro à gasolina, agora permitida entre 22% e 30%. A medida, aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética em junho, exigirá 1,1 milhão de metros cúbicos adicionais de etanol anidro por ano, o equivalente a mais de 11% da produção estimada para a safra 2024/25.

A maior parte dessa demanda deve ser suprida pelo etanol de milho, cuja produção está prevista para crescer 25% este ano. Mesmo assim, a FG/A estima que o preço do etanol hidratado suba cerca de 2% em 2025. A medida deve reforçar a segurança energética do país, reduzir importações de gasolina e dar mais flexibilidade ao governo na política de preços, especialmente em um momento de instabilidade no mercado internacional de petróleo. Atualmente, o preço de paridade de importação gira em torno de R$2,85/litro, nível próximo ao preço praticado pela Petrobras.

“Caso a companhia opte por seguir a paridade de exportação, há risco de ajustes nos preços da gasolina nos próximos meses. O aumento da mistura tem sido defendido pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, principalmente após a recente queda nas cotações do petróleo no mercado internacional”, disseram os analistas.

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