Sem previsão de retomada, sucroenergética adia novas unidades devido à “alta dos juros”
A usina Coruripe irá adiar a construção de uma nova unidade em Mato Grosso do Sul. A nova etapa de expansão previa a instalação da planta no município de Paranaíba, a 408 km de Campo Grande, e outra na cidade de União de Minas (MG), com aporte de R$ 600 milhões por usina. A suspensão foi confirmada nesta segunda-feira, 14.
Ao Campo Grande News, a Coruripe informou que os projetos não foram cancelados, apenas postergados em razão do atual cenário econômico brasileiro. “Foram adiados devido às altas taxas de juros atualmente praticadas no Brasil. A meta é retomar esses projetos quando o cenário macroeconômico ficar mais favorável”, informou a empresa, sem apresentar uma previsão de retomada.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da companhia, Mario Lorencatto, afirmou que, com os juros elevados, a prioridade passou a ser o controle da dívida líquida da empresa, atualmente em R$ 3,75 bilhões. Segundo ele, “cerca de 80% do caixa operacional vai para o serviço da dívida. Com juros reais próximos de 20%, fica difícil garantir retorno em commodities”.
A decisão de adiar os investimentos ocorre em um momento de leve retração nos indicadores operacionais da companhia. Apesar da receita líquida recorde de R$ 4,8 bilhões na safra 2024/25, a moagem caiu 3%, totalizando 15,8 milhões de toneladas de cana, e a produção de açúcar recuou 7%, fechando em 1,15 milhão de toneladas.
Mesmo com a queda no preço do açúcar no mercado internacional, a empresa informou que não há preocupação. A Coruripe fixou 75% da produção prevista para a safra 2025/26 com preços entre R$ 2.700 e R$ 2.800 por tonelada, valores superiores à média atual de R$ 2.000.
A qualidade da matéria-prima também deve elevar a participação do açúcar no mix de produção, passando de 65% para 70%, o que deve resultar em uma leve queda da receita, estimada em R$ 4,7 bilhões.
Campo Grande News| Mylena Fraiha