Até setembro, a Coruripe registrou queda de 27,8% no etanol, mas manteve a receita estável em R$ 2,14 bi
A Usina Coruripe registrou no acumulado da safra 2025/26, uma queda de 10,3% na moagem de cana, retração de 8,1% na produtividade agrícola e recuo de 27,8% na produção de etanol, em comparação ao mesmo período do ciclo anterior. Apesar do cenário adverso, a companhia conseguiu sustentar a receita bruta praticamente estável em R$ 2,14 bilhões e ainda registrou avanço de 6,4% no EBITDA ajustado, que alcançou R$ 692,5 milhões. Os dados foram divulgados hoje, 17, pela empresa em relatório operacional-financeiro.
A moagem somou 9,67 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, recuo frente às 10,77 milhões do ciclo anterior (2024\25). Enquanto a cana própria se manteve praticamente estável, em 3,61 milhões de toneladas (-0,2%), a de fornecedores caiu 15,3%, para 6,05 milhões de toneladas.
A qualidade da matéria-prima também foi inferior, com o ATR médio em 135,15 kg/t, queda de 2% em relação ao ciclo passado, e a produtividade agrícola medida pelo TCH recuando 8,1%, para 75,39 t/ha. O indicador de kg de ATR por hectare ficou em 10.189, redução de 10% em comparação ao acumulado da safra 2024/25.
Na área industrial, a produção de açúcar equivalente da Coruripe totalizou 25,45 milhões de sacas, queda de 12,3%. O volume de açúcar ficou em 16,79 milhões de sacas (-3,3%), sendo 765,5 mil toneladas de VHP (-1,1%) e 1,45 milhão de sacas de cristal (-21,9%). O demerara apresentou alta de 40,2%, ainda em volume menor, e o melaço avançou 9,9%, para 80 mil toneladas.
Apesar da menor produção, os preços médios ajudaram a compensar parte das perdas. O açúcar VHP foi comercializado a R$ 2.441,83/t, alta de 7,5% em relação ao ciclo anterior, enquanto o cristal recuou 7,6%, para R$ 136,24/sc.
Já a produção de etanol da Coruripe registrou queda expressiva de 27,8%, somando 241,6 mil m³, divididos entre 121,7 mil m³ de anidro (-30%) e 119,8 mil m³ de hidratado (-25,5%). A geração de energia elétrica também caiu 9,9%, para 451,9 mil MWh, mas a eficiência industrial teve leve melhora, de 88,17% para 88,72%.
Os preços do etanol sofreram valorização: o anidro foi vendido a R$ 3.188,86/m³ (+15,3%) e o hidratado a R$ 3.184,10/m³ (+10,3%). A energia elétrica também apresentou aumento de preços, de 9,8%, para R$ 221,78/MWh. Com isso, a receita bruta da companhia ficou praticamente estável em R$ 2,14 bilhões, alta de 0,1% frente ao acumulado da safra anterior.
Resultados financeiros
O desempenho financeiro da Coruripe mostrou forte reversão no resultado líquido. A empresa, que havia registrado lucro de R$ 679,8 milhões até setembro de 2024, apresentou prejuízo de R$ 151,1 milhões no mesmo período de 2025. A receita líquida de vendas foi de R$ 2,05 bilhões, recuo de 0,2%, enquanto o lucro bruto caiu 8,7%, para R$ 599,1 milhões.
As despesas administrativas diminuíram 3,8%, para R$ 116,9 milhões, e as despesas com vendas caíram 7%, para R$ 127,6 milhões. O resultado foi pressionado principalmente pelas perdas financeiras líquidas, que passaram de -R$ 213,1 milhões para -R$ 656,8 milhões, uma alta de 208%. A variação cambial, positiva em R$ 145,3 milhões, ajudou a atenuar os impactos, mas não evitou o prejuízo.
Ainda assim, o EBITDA ajustado avançou 6,4%, alcançando R$ 692,5 milhões, refletindo ganhos operacionais e comerciais. O endividamento bruto cresceu 8,4%, alcançando R$ 4,56 bilhões, enquanto a dívida líquida chegou a R$ 3,70 bilhões, alta de 4,9% em relação ao mesmo período da safra anterior.
Natália Cherubin para RPAnews