Home Artigo Crédito de Carbono: regulamentação é grande oportunidade para o agronegócio sustentável
ArtigoÚltimas Notícias

Crédito de Carbono: regulamentação é grande oportunidade para o agronegócio sustentável

Compartilhar

Por Ivan Machiavelli*

A preocupação ambiental já se consolidou como um assunto essencial nos mais diversos setores da sociedade. O que não é diferente para o agronegócio. Projetos que limitem as emissões poluentes ou de integração pecuária florestal já fazem parte da realidade de muitos empresários. O que é novo para o produtor rural é a possibilidade de ter uma renda adicional e benefícios fiscais através do mercado de crédito de carbono.

Esse ano o Brasil deu o primeiro passo para a regulamentação do mercado de crédito de carbono com o Decreto Presidencial nº11.075, de 19 de maio de 2022. Com ele, é possível vislumbrar as primeiras regras para a criação do mercado de carbono brasileiro, assim como reconhece o grande potencial do setor agropecuário e suas peculiaridades.

Apesar de significar uma primeira iniciativa governamental e exigindo ainda estudos mais aprofundados sobre como se dará o mercado na prática, o decreto é positivo por trazer também a criação do Sistema de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa, no qual os créditos de carbono poderão ser registrados, certificados e também negociados.
Para se ter uma ideia do potencial para o produtor rural e agropecuário, segundo estudo divulgado pela consultoria Mckinsey, o Brasil pode dominar 15% do mercado de crédito de carbono global, podendo movimentar cerca de U$$ 2 bilhões já em 2030.

Outro relatório, da Ecossystem Marketplace (EM), mostra que esse mercado já tem crescido largamente nos últimos anos, sendo que, apenas em 2021, chegou a quase U$$ 2 bilhões no mercado voluntário de crédito de carbono. Dentro das categorias negociadas, a de “floresta e uso da terra” foi a que teve maior volume dos créditos negociados.
Benefícios para o produtor rural.

Olhando para esse grande campo de possibilidades, o agronegócio pode se beneficiar de diversas maneiras. A primeira delas, sem dúvida, é quanto à sustentabilidade e às boas práticas de negócio frente ao mercado e ao consumidor. Lembrando que ambos estão cada vez mais atentos a negócios que tenham uma produção sustentável e que possam certificar isso de alguma maneira. Há também a possibilidade de abrir novos mercados que procuram economias de baixa emissão de carbono e usando menos recursos.

Além disso, o mercado do crédito de carbono no Brasil tem potencial para captar US$ 17 bilhões ao ano e também abre espaço para benefícios fiscais em um sistema de três pilares formado pela tributação da poluição, estímulo à inovação e recompensa à preservação dos recursos naturais, como afirmou o ministro da Economia, Paulo Guedes, na reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, recentemente. Ou seja, a economia ambiental do futuro já é uma realidade quando se fala de Brasil, eis que já é uma estratégia de governo que visa acelerar esse importante mercado e a inteligência tributária aplicada ao setor do agronegócio é um alvo central.

Portanto, o crédito de carbono é uma oportunidade de renda para o produtor rural que já implementa práticas sustentáveis em sua atividade e pode comerciar o excedente de emissões evitadas.

O fundamental para esse momento é buscar aliar as práticas sustentáveis e de inovação aos benefícios tributários, considerando as mudanças aceleradas que o setor está vivenciando. Está aberta uma janela de oportunidades para diversos segmentos do mercado, especialmente o do agronegócio, cujo desafio importa em ter a maturidade suficiente para entender e efetivamente praticar esses novos processos e rapidamente se adequar. É o momento certo de estar preparado para colher os frutos não apenas para o próprio negócio, mas como para toda a sociedade.

*Ivan Machiavelli é advogado e sócio fundador da MBT Advogados Associados

Compartilhar
Artigo Relacionado
Últimas Notícias

Exportação de etanol dos EUA em junho cai 6% ante maio, para 657,46 milhões de litros

Os Estados Unidos exportaram 173,7 milhões de galões (657,46 milhões de litros)...

Últimas Notícias

Produção mais forte de açúcar no Brasil pesa sobre os preços do açúcar

Os preços do açúcar fecharam em baixa na quarta-feira, mas permaneceram acima...

Últimas NotíciasDestaque

Usina São José da Estiva estreia no mercado de capitais com emissão de R$ 100 milhões em debêntures

Usina prioriza o crescimento eficiente e sustentável e consolida sua posição no...

DestaqueÚltimas Notícias

BlackRock torna-se acionista relevante da Raízen em meio a processo de venda de ativos bilionário

A Raízen, maior grupo sucroenergético do Brasil, comunicou ao mercado que a...