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Desvalorização do real e entressafra brasileira impulsionam preços do açúcar
Os preços do açúcar saltaram na sexta-feira para as máximas de uma semana e se estabeleceram em forte alta após as previsões meteorológicas atualizadas indicarem chuvas abaixo do normal na próxima semana no Centro-Sul do Brasil, a principal região produtora de açúcar do país. O contrato de março do açúcar bruto fechou sexta-feira, 06, em alta de 2,88%, a 21,83 centavos de dólar por libra-peso. O contrato de março do açúcar branco em Londres, também fechou em alta de 1,96%, em US$561,30.
A produção de açúcar do Centro-Sul do Brasil diminuiu recentemente devido ao período e entressafra. Na última quarta-feira, a Unica informou que a produção de açúcar na região Centro-Sul do Brasil durante a primeira quinzena de novembro caiu 59,2%, para 898 mil t. Além disso, a produção acumulada de açúcar do Centro-Sul em 2024/25 até meados de novembro caiu 3,0%, para 38.274 milhões de t.
Segundo Arnaldo Luiz Corrêa, analista de mercado e diretor da Archer Consulting, as nuvens pesadas advindas da insatisfação do mercado financeiro com a condução da economia, projetam juros maiores adiante e a desconfiança em relação ao ajuste fiscal pressiona o real. “Dezembro é um mês que as empresas multinacionais remetem os lucros para as matrizes e isso deverá trazer também maior procura pela moeda americana desvalorizando o real. Esta semana o câmbio se desvalorizou 2% frente ao dólar, encerrando a sexta-feira a R$ 6.0892 (as 18.30 horário de Brasília)”, disse Corrêa.
Ainda de acordo com ele, as usinas continuam fazendo a lição de casa aproveitando a queda do real para aumentar as fixações da safra 25/26 e 2026/27. “Acreditamos que as fixações da 2025/26 devem estar em torno de 50-55%, e da safra 26/27 podem chegar a 10%. Os valores obtidos em reais por tonelada, se comparados com um período de 25 anos com preços corrigidos pela inflação, estão no topo dos 10% aproximadamente. Isto é, em um quarto de século, os preços estiveram abaixo desses valores em 90% das vezes. É ou não é para se fixar? Se possível, a fixação para outubro-25 em diante ser acompanhada da compra de uma call (opção de compra) com preço de exercício 200 pontos acima do nível de fixação em NY”, observa Corrêa.
O analista explica que o mercado mundial de açúcar segue em um cenário de transformações dinâmicas, com mudanças estruturais e conjunturais influenciando tanto a produção quanto o consumo global. “Observando os dados apresentados esta semana pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), temos um panorama interessante que revela tendências importantes e desafios futuros para o setor”, adiciona.
As projeções futuras indicam que o consumo global deve atingir 191,5 milhões de toneladas em cinco anos, adicionando 41,4 milhões de toneladas (somando as cinco safras) ao acumulado da safra 2024/25. “A participação brasileira nesse incremento é estimada em 18,6 milhões de toneladas de açúcar (somando as 5 próximas safras), reforçando a necessidade de planejamento robusto por parte do setor sucroenergético nacional para atender essa demanda crescente. A produção de cana-de-açúcar necessária para sustentar essa expansão será significativa, representando um desafio operacional e logístico, lembrando que não está na equação o crescimento na demanda do ciclo Otto que não deverá ser tímido”, destacou Corrêa.
Natália Cherubin para RPAnews
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