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Diminuir volume de água poderia tornar o etanol mais moderno e atraente

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A convivência entre a cana e o milho para a produção de etanol tem sido de complementaridade, mas precisa superar obstáculos mercadológicos e comportamentais

Por Adriano Pires*

A cana-de-açúcar foi a primeira cultura de sucesso no Brasil. O êxito foi de tal ordem que consolidou o Brasil como o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, produzindo alimento (açúcar), combustível renovável (etanol) e eletricidade por meio do bagaço de cana.

Hoje, estamos vivenciando um novo momento transformacional com o enorme crescimento das plantas de etanol de milho sendo construídas no país nos últimos anos. Estamos vendo taxas de crescimento de produção de 15% a 20% ao ano, tornando o milho uma fonte de energia barata, com a vantagem de gerar como subproduto o DDG, uma ração animal extremamente valorizada.

A convivência entre a cana e o milho para a produção de etanol tem sido de complementaridade, haja vista que as novas fábricas estão sendo construídas em locais onde o etanol de cana nunca foi muito competitivo, como as regiões Norte, Centro-Oeste e Sul do Brasil.

Nos anos de queda de safra de cana, o milho tem ajudado a manter estável a oferta do produto no mercado interno, diminuindo a volatilidade de preços ao consumidor e assim criando uma demanda ainda mais robusta e previsível para os produtores.

Por outro lado, o grande sucesso do etanol de milho pode criar em breve um excesso de oferta que não necessariamente vai conseguir espaço entre os consumidores com a mesma facilidade. Estamos falando de obstáculos tanto mercadológicos quanto também comportamentais dos proprietários de automóveis.

O primeiro obstáculo será ganhar mercado frente à gasolina, tornando o Brasil de importador a exportador líquido deste produto, a depender do ritmo de crescimento da produção de etanol nos próximos anos. Com a produção crescendo em média 2 bilhões de litros por ano, em algum momento haverá sobra de gasolina no mercado. Isso pode levar a uma guerra de preços feroz entre os dois produtos.

Para tornar o cenário ainda mais complexo, hoje o consumidor acredita que o carro elétrico possui maiores qualidades tecnológicas e ambientais, apesar de o etanol ser comprovadamente muito eficiente nestes quesitos, ou até melhor do que o carro elétrico, dependendo das premissas utilizadas. Mas o dono do carro não sabe disso.

Para tornar o produto mais moderno e atraente, seria bem-vinda uma reformulação do teor de água existente no etanol hidratado, que usamos nos carros flex. Em vez de conter aproximadamente 7% de água, poderíamos diminuir esse volume para algo entre 2% e 3%. Teríamos um produto mais puro e eficiente. Podemos batizar o produto com um novo nome: Etanol 97 (fazendo alusão ao novo teor de pureza).

 

 

* Adriano Pires é diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

 

Artigo publicado no Estado de S. Paulo

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