O mês de maio foi de forte queda dos preços do milho em todas as partes do Brasil, com Sorriso, MT, despencando 26,5% sobre a média de abril, a R$38,45/saca já que os preços atravessaram abril com quedas diárias consecutivas. Em Sorriso, o recuo em abril foi de 16% ante março, na média de R$52,33/saca.
De acordo com relatório do Itaú BBA, apesar disso, as expectativas para a safra continuam muito positiva. Porém, especialistas do BBA apontam a importância de continuar observando e monitorando o clima (chuva e temperatura) nos Estados de MG, MS, SP e PR, pois esse fator ainda pode influenciar o número final de produção.
“O que temos observado hoje é um mercado interno com preços abaixo da parida de exportação, algo que é incomum para o cereal. Neste momento, o milho está dando margem para os exportadores, diferente da soja. Com isso, o programa de exportação de milho começa a ganhar mais espaço”, disseram os analistas do Itaú BBA.
Aumento do estoque americano pressiona os preços em Chicago
O mês de maio foi de queda nos preços internacionais do milho, com recuo de 6,9% sobre abril, para USD6,09/bushel, diante do plantio americano acelerado e da perspectiva de boa safra para os EUA. A maior disponibilidade de milho, com a entrada da primeira safra, o bom desenvolvimento das lavouras de segunda safra, com as estimativas oficiais apontando colheita recorde do cereal em 2022/23 e uma demanda lenta, com a expectativa de quedas adicionais dos preços, são fatores que influenciam os preços internos a continuarem baixos.
Após a queda mensal registrada em março, em abril os preços em Chicago chegaram a apresentar correção com a média de abril fechada em USD6,54/bushel, representando 2,7% acima do mês anterior, porém, ainda de olho na safra argentina e no balanço de oferta e demanda da safra 2022/23 apertado.
A primeira projeção do USDA para a safra 2023/24 trouxe aumento dos estoques americanos e global do cereal. Para a safra mundial de milho 2023/24, o USDA trouxe aumento da produção mundial em 6%, para 1,22 bilhões de t, elevação do consumo em 3%, para 1,19 bilhão de t e aumento também do estoque final do cereal, para 313 milhões t, alta de 5%. O aumento da produção nos principais exportadores globais (BRA, EUA e ARG), sugere maior disponibilidade para exportação do cereal.
Os especialistas do Itaú BBA também afirmam que o Brasil terá que exportar muito milho durante o segundo semestre. Até abril, de acordo com a Secex, foram embarcadas 4 milhões de t do cereal (ano comercial fev-jan) e a expectativa é de que a exportação poderá chegar a 53 milhões de toneladas.
Os preços internos no segundo semestre podem apresentar um desconto sobre a paridade de exportação, dado o cenário de grande produção e a necessidade do milho brasileiro ficar competitivo no mercado internacional. “Podemos ver queda na área de milho de verão do próximo ano. Ainda não há consenso sobre a tendência de redução de área de milho verão na safra 2023/24, no entanto, o cenário de preços baixos e rentabilidade menor para o cereal, pode trazer reflexos negativos para a área de milho 1ª safra, favorecendo a elevação da área de soja”, disseram.
Gripe Aviária pode impactar o mercado de milho
Os primeiros casos de gripe aviária em aves silvestres foram confirmados no Brasil e a doença passou a ser um ponto de atenção também para o mercado de milho. Hoje, existem casos da doença entre aves de todos os continentes. “Para o controle, em caso de confirmação de casos em granjas comerciais, o abate sanitário é o principal manejo. Abates sanitários em larga escala reduziriam o consumo de milho dos rebanhos comerciais e isso traria impacto negativo adicional para os preços internos do cereal”, disse.