Organização Marítima Internacional deixou para 2026 a mudança de status do biocombustível
A decisão da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) de adiar, por pelo menos um ano, a certificação do etanol como alternativa de combustível de baixa pegada de carbono para ser usado em navios frustrou os armadores e boa parte dos produtores de etanol, principalmente do Brasil. A decisão sobre o adiamento saiu em reunião que a entidade realizou na sexta-feira, 17, após pressão da delegação dos Estados Unidos.
A IMO já definiu as metas de redução de emissões de carbono do setor de transporte marítimo, que hoje representa 3% das emissões globais, mas ainda está no processo de certificação dos combustíveis para efetivar essa transição. As metas preveem que o setor reduza as emissões em 20% até 2030, em 70% a 80% até 2040 e que alcance as emissões líquidas zero em 2050.
Para Mário Campos, presidente da Bioenergia Brasil, associação que representa 214 usinas sucroalcooleiras do Brasil, o adiamento gera uma frustração. “Não dá para entender como os Estados Unidos pressionam [o Brasil] pela tarifa sobre o etanol [importado], mas, ao mesmo tempo, bloqueiam um mercado que eles poderiam atender”, afirmou ele ao Valor à margem da 25 Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol. “Seria um mercado extremamente importante para o etanol americano e para o nosso”.
A decisão saiu em um momento em que a oferta de etanol é crescente, observou Edmundo Barbosa, presidente do Sindaçúcar da Paraíba. “Estamos precisando de destino para o etanol”, ressaltou.
Globo Rural| Camila Souza Ramos